sábado, 30 de janeiro de 2010

31 de Janeiro de 2010 – Quarto Domingo do Tempo Comum

O tema da liturgia deste Domingo convida a refletir sobre o "caminho do profeta": caminho de sofrimento, de solidão, de risco, mas também caminho de paz e de esperança, porque é um caminho onde Deus está. A liturgia de hoje assegura ao "profeta" que a última palavra será sempre de Deus: "Não temas, porque eu estou contigo para te salvar".
A primeira leitura apresenta a figura do profeta Jeremias. Escolhido, consagrado e constituído profeta por Javé, Jeremias vai arrostar com todo o tipo de dificuldades; mas não desistirá de concretizar a sua missão e de tornar uma realidade viva no meio dos homens a Palavra de Deus.
O Evangelho apresenta-nos o profeta Jesus, desprezado pelos habitantes de Nazaré (eles esperavam um messias espetacular e não entenderam a proposta profética de Jesus). O episódio anuncia a rejeição de Jesus pelos judeus e o anúncio da Boa Nova a todos os que estiverem dispostos a acolhê-la - sejam pagãos ou judeus.
A segunda leitura parece um tanto desenquadrada desta temática: fala do amor - o amor desinteressado e gratuito - apresentando-o como a essência da vida cristã. Pode, no entanto, ser entendido como um aviso ao "profeta" no sentido de se deixar guiar pelo amor e nunca pelo próprio interesse... Só assim a sua missão fará sentido.

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Jeremias 1,4-5.17-19
A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: «Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta das nações. 
Tu, porém, cinge os teus rins, levanta-te e diz-lhes tudo o que Eu te ordenar. Não temas diante deles; se não, serei Eu a fazer-te temer na sua presença. E eis que hoje te estabeleço como cidade fortificada, como coluna de ferro e muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e de seus chefes, dos sacerdotes e do povo da terra. Far-te-ão guerra, mas não hão de vencer, porque Eu estou contigo para te salvar» – oráculo do Senhor. 

Salmos 71 (70), 1-6.15.17
É em vós, Senhor, que procuro meu refúgio; que minha esperança não seja para sempre confundida.
Por vossa justiça, livrai-me, libertai-me; inclinai para mim vossos ouvidos e salvai-me.
Sede-me uma rocha protetora, uma cidadela forte para me abrigar: e vós me salvareis,
porque sois meu rochedo e minha fortaleza.
Meu Deus, livrai-me da mãos do iníquo, das garras do inimigo e do opressor,
porque vós sois, ó meu Deus, minha esperança. Senhor, desde a juventude vós sois minha confiança.
Em vós eu me apoiei desde que nasci, desde o seio materno sois meu protetor; em vós eu sempre esperei.
Minha boca proclamará vossa justiça e vossos auxílios de todos os dias, sem poder enumerá-los todos.
Vós me tendes instruído, ó Deus, desde minha juventude, e até hoje publico as vossas maravilhas.

I Coríntios 12, 31.13,1-13
Aspirai, porém, aos melhores dons. Aliás, vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros. Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine. 
Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas, se não tiver amor, nada sou. Ainda que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita. 
O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 
O amor jamais passará. As profecias terão o seu fim, o dom das línguas terminará e a ciência vai ser inútil. Pois o nosso conhecimento é imperfeito e também imperfeita é a nossa profecia. Mas, quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. 
Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Mas, quando me tornei homem, deixei o que era próprio de criança. Agora, vemos como num espelho, de maneira confusa; depois, veremos face a face. Agora, conheço de modo imperfeito; depois, conhecerei como sou conhecido. Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor; mas a maior de todas é o amor. 

Evangelho segundo São Lucas 4, 21-30
Começou, então, a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir.» Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam com as palavras repletas de graça que saíam da sua boca. Diziam: «Não é este o filho de José?» 
Disse-lhes, então: «Certamente, ides citar-me o provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo.' Tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum, farás também aqui na tua terra.» Acrescentou, depois: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria. 
Posso assegurar-vos, também, que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas sim a uma viúva que vivia em Sarepta de Sídon. Havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi purificado senão o sírio Naaman.» 
Ao ouvirem estas palavras, todos, na sinagoga, se encheram de furor. E, erguendo-se, lançaram-no fora da cidade e levaram-no ao cimo do monte sobre o qual a cidade estava edificada, a fim de o precipitarem dali abaixo. Mas, passando pelo meio deles, Jesus seguiu o seu caminho. 


Comentário ao Evangelho do dia feito por 
São Cirilo de Alexandria (380-444), Bispo e Doutor da Igreja 
Sobre o Profeta Isaías, 5, 5; PG 70, 1352-1353 (a partir da trad. de Delhougne, Les Pères commentent, p. 394)
Assim «renovas a face da terra» (Sl 103, 30)
Cristo quis trazer a Si o mundo inteiro e conduzir a Deus Pai todos os habitantes da terra. Quis restabelecer todas as coisas num estado melhor e renovar, por assim dizer, a face da terra. Eis por que, mesmo sendo o Senhor do Universo, tomou «a condição de servo» (Fil 2, 7). Por isso, anunciou a Boa Nova aos pobres, afirmando que tinha sido enviado com esse objetivo (Lc 4, 18).
Os pobres, ou antes, as pessoas que podemos considerar como pobres, são as que sofrem por se verem privadas de todo o bem, as «sem esperança e sem Deus no mundo» (Ef 2, 12), como diz a Escritura. São, parece-nos, as pessoas vindas do paganismo e que, enriquecidas pela fé em Cristo, beneficiaram deste tesouro divino: a proclamação que trouxe a Salvação. Por ela, tornaram-se participantes do Reino dos céus e concidadãos dos santos, herdeiros das realidades que o homem não pode compreender nem exprimir – daquilo que, segundo o apóstolo Paulo, «os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que O amam» (I Cor 2, 9). [...]
Também os descendentes de Israel tinham o coração ferido, eram pobres e como que prisioneiros, estavam cheios de trevas. [...] Cristo veio anunciar os benefícios da Sua vinda precisamente aos descendentes de Israel, antes dos outros, e ao mesmo tempo proclamar o ano da graça do Senhor (Lc 4, 19) e o dia da recompensa.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&localdate=20100131&id=86&fd=1
http://www.douranet.com.br/biblia/
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=readings&localdate=20100131
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=commentary&localdate=20100131
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=53505&language=PT&img=&sz=full
http://www.fond-ecran-image.com/galerie-membre,ecureuil,copie-de-dsc-2380jpg.php
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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

30 de Janeiro de 2010 - Sábado da 3ª Semana do Tempo Comum

II Samuel 12, 1-7.10-17 
O Senhor enviou então Natan a Davi. Logo que entrou no palácio, Natan disse-lhe: «Dois homens viviam na mesma cidade, um rico e outro pobre. O rico tinha ovelhas e bois em grande quantidade; o pobre, porém, tinha apenas uma ovelha pequenina, que comprara. Criara-a, e ela crescera junto dele e dos seus filhos, comendo do seu pão, bebendo do seu copo e dormindo no seu seio; era para ele como uma filha. 
Certo dia, chegou um hóspede à casa do homem rico, o qual não quis tocar nas suas ovelhas nem nos seus bois para preparar o banquete e dar de comer ao hóspede que chegara; mas foi apoderar-se da ovelhinha do pobre e preparou-a para o seu hóspede.» 
Davi, indignado contra tal homem, disse a Natan: «Pelo Deus vivo! O homem que fez isso merece a morte. Pagará quatro vezes o valor da ovelha, por ter feito essa maldade e não ter tido compaixão.» 
Natan disse a Davi: «Esse homem és tu! Isto diz o Senhor, Deus de Israel: 'Ungi-te rei de Israel, salvei-te das mãos de Saul, Por isso, jamais se afastará a espada da tua casa, porque me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o hitita, para fazer dela tua esposa'.
Eis, pois, o que diz o Senhor: 'Vou fazer sair da tua própria casa males contra ti. Tomarei as tuas mulheres diante dos teus olhos e hei de dá-las a outro, que dormirá com elas à luz do Sol! Pois tu pecaste ocultamente; mas Eu farei o que digo diante de todo o Israel e à luz do dia!'» 
Davi disse a Natan: «Pequei contra o Senhor.» Natan respondeu-lhe: «O Senhor perdoou o teu pecado. Não morrerás. Todavia, como ofendeste gravemente o Senhor com a ação que fizeste, morrerá certamente o filho que te nasceu.» 
E Natan voltou para sua casa. O Senhor feriu o menino que a mulher de Urias havia dado a Davi com uma doença grave. Davi orou a Deus pelo menino; jejuou e passou a noite prostrado por terra. Os anciãos da sua casa, de pé junto dele, pediam-lhe que se levantasse do chão, mas ele não o quis fazer nem tomar com eles alimento algum. 

Salmos 51(50), 12-13.14-15.16-17 
Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova e dá firmeza ao meu espírito.
Não me afastes da Tua presença, nem me prives do Teu Santo Espírito!
Dá-me de novo a alegria da Tua salvação e sustenta-me com um espírito generoso.
Então ensinarei aos transgressores os Teus caminhos e os pecadores hão de voltar para Ti.
Ó Deus, meu salvador, livra-me do crime de sangue, e a minha língua anunciará a Tua justiça.
Abre, Senhor, os meus lábios, para que a minha boca possa anunciar o Teu louvor.

Evangelho segundo São Marcos 4, 35-41
Naquele dia, ao entardecer, disse: «Passemos para a outra margem.» Afastando-se da multidão, levaram-No consigo, no barco onde estava; e havia outras embarcações com Ele. 
Desencadeou-se, então, um grande turbilhão de vento, e as ondas arrojavam-se contra o barco, de forma que este já estava quase cheio de água. Jesus, à popa, dormia sobre uma almofada. 
Acordaram-No e disseram-Lhe: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» Ele, despertando, falou imperiosamente ao vento e disse ao mar: «Cala-te, acalma-te!» O vento serenou e fez-se grande calma. 
Depois disse-lhes: «Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» E sentiram um grande temor e diziam uns aos outros: «Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?» 

 Comentário ao Evangelho do dia feito por 
Santo Agostinho  (354-430), Bispo de Hipona  (África do Norte) e Doutor da Igreja 
Discursos sobre os salmos, Salmo 25, n.° 2 (a partir da trad. de AELF rev.)
«Desencadeou-se, então, um grande turbilhão de vento, e as ondas arrojavam-se contra o barco.»
Também nós navegamos num lago onde não falta vento nem tempestades; as tentações quotidianas deste mundo quase submergem a nossa barca. Donde vem tudo isso,  senão do fato de Jesus estar a dormir? Se Jesus não estivesse adormecido dentro de ti, não sofrerias tais tempestades, mas fruirias de uma grande tranqüilidade interior, porque Jesus velaria contigo.
Que quer isto dizer: «Jesus está adormecido»? Significa que a tua fé em Jesus está caída no sono. As tempestades do lago levantam-se: vês os maus a prosperar e os bons sofrer ; é uma tentação, um entrechocar de ondas. E, na tua alma, dizes: «Ó meu Deus, é isto a Tua justiça, prosperarem os maus e ficarem os bons abandonados ao sofrimento?» Sim, dizes tu Deus: «É esta a Tua justiça?» E Deus responde: «É isso a tua fé? O que te prometi de fato? Fizeste-te cristão para singrares neste mundo? Atormentas-te com o destino dos maus, aqui, quando não conheces o seu destino no outro mundo?»
Qual o motivo de falares assim e de seres sacudido pelas ondas do lago e pela tempestade? É porque  em ti Jesus dorme; quero com isto dizer que a tua fé em Jesus adormeceu no teu coração. Que farás para seres libertado? Acorda Jesus e diz-Lhe: «Mestre, estamos perdidos». As incertezas da travessia do lago atribulam-nos; estamos perdidos. Mas Ele despertará, quer dizer, a tua fé voltará; e, com a ajuda de Jesus, refletirás no teu coração e notarás que os bens concedidos hoje aos maus não durarão. São bens que se lhes escaparão durante a vida ou que terão de abandonar no momento da morte. A ti, pelo contrário, o que te for prometido ficar-te-á para a eternidade [...]. Vira, pois, as costas àquilo que cai em ruína, e volta o teu rosto para o que permanece perene. Quando Cristo acordar, a tempestade já não te sacudirá o coração, as ondas não afundarão a tua barca, porque o vento e as ondas ficarão sob o comando da tua fé, e então o perigo desaparecerá.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=readings&localdate=20100130
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=commentary&localdate=20100130

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

29 de Janeiro de 2010 - Sexta-feira da 3ª Semana do Tempo Comum


II Samuel 11, 1-4.5-10.13-17
No ano seguinte, na época em que os reis saem para a guerra, Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel; eles devastaram a terra dos amonitas e sitiaram Rabá. Davi ficou em Jerusalém. 
E aconteceu que, uma tarde, Davi levantou-se da cama, pôs-se a passear no terraço do seu palácio e avistou dali uma mulher que tomava banho e que era muito formosa. Davi procurou saber quem era aquela mulher e disseram-lhe que era Betsabé, filha de Eliam, mulher de Urias, o hitita. Então, Davi enviou emissários para que lha trouxessem. Ela veio e Davi dormiu com ela, depois de purificar-se do seu período menstrual. Depois, voltou para sua casa. 
E, vendo que concebera, mandou dizer a Davi: «Estou grávida.» Então, Davi mandou esta mensagem a Joab: «Manda-me Urias, o hitita.» E Joab enviou Urias, o hitita, a Davi. Quando Urias chegou, Davi pediu-lhe notícias de Joab, do exército e da guerra. E depois disse-lhe: «Desce à tua casa e lava os teus pés.» Urias saiu do palácio do rei, e este, em seguida, enviou-lhe comida da sua mesa real. Mas Urias não foi à sua casa e dormiu à porta do palácio com os outros servos do seu senhor. E contaram-no a Davi, dizendo-lhe: «Urias não foi a sua casa.» Davi perguntou a Urias: «Não voltaste, porventura, de uma viagem? Por que não foste a tua casa?» Davi convidou-o a comer e beber com ele, e embriagou-o. Mas à noite, Urias não foi a sua casa; saiu e deitou-se com os outros servos do seu senhor. 
No dia seguinte de manhã, Davi escreveu uma carta a Joab e enviou-lha por Urias. Dizia nela: «Coloca Urias na frente, onde o combate for mais aceso, e não o socorras, para que ele seja ferido e morra.» Joab, que sitiava a cidade, pôs Urias no lugar onde sabia que estavam os mais valentes guerreiros do inimigo. Os assediados fizeram uma surtida contra Joab, e morreram alguns homens de Davi, entre os quais Urias, o hitita. 

Salmos 51(50), 3-4.5-7.10-11
Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade; pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.
Lava me de toda a iniqüidade; purifica me dos meus delitos.
Reconheço as minhas culpas e tenho sempre diante de mim os meus pecados.
Contra ti pequei, só contra ti, fiz o mal diante dos teus olhos;
por isso é justa a tua sentença e reto o teu julgamento.
Eis que nasci na culpa e a minha mãe concebeu-me em pecado.
Faz me ouvir palavras de gozo e alegria e exultem estes ossos que trituraste.
Desvia o teu rosto dos meus pecados e apaga todas as minhas culpas.

Evangelho segundo São Marcos 4, 26-34
Dizia ainda: «O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante, de noite e de dia, a semente germina e cresce, sem ele saber como. A terra produz por si, primeiro o caule, depois a espiga e, finalmente, o trigo perfeito na espiga. E, quando o fruto amadurece, logo ele lhe mete a foice, porque chegou o tempo da ceifa.» 
Dizia também: «Com que havemos de comparar o Reino de Deus? Ou com qual parábola o representaremos? É como um grão de mostarda que, ao ser deitado à terra, é a mais pequena de todas as sementes que existem; mas, uma vez semeado, cresce, transforma-se na maior de todas as plantas do horto e estende tanto os ramos, que as aves do céu se podem abrigar à sua sombra.» 
Com muitas parábolas como estas, pregava-lhes a Palavra, conforme eram capazes de compreender. Não lhes falava senão em parábolas; mas explicava tudo aos discípulos, em particular. 

 Comentário ao Evangelho do dia, da 
Carta a Diogneto (c. 200) § 6 
Semeados em terra
O que a alma é para o corpo, os cristãos são-no no mundo. A alma está difundida por todos os membros do corpo, tal como os cristãos pelas cidades do mundo. A alma habita no corpo e, no entanto, não é do corpo, tal como os cristãos habitam no mundo, mas não são do mundo (Jo 17, 16). Invisível, a alma está prisioneira num corpo visível. Assim os cristãos: vivem no mundo, mas o culto que prestam a Deus é invisível. A carne detesta a alma e combate-a, sem dela ter recebido qualquer dano, mas porque ela a impede de gozar de todos os prazeres; assim também, o mundo detesta os cristãos, que nenhum mal lhe fazem, mas se opõem aos seus prazeres. A alma ama essa carne que a detesta, e os seus membros, tal como os cristãos amam aqueles que os detestam.
A alma está fechada no corpo; contudo, é ela que mantém o corpo. Os cristãos estão como cativos na prisão do mundo; contudo, são eles que mantêm o mundo. Imortal, a alma habita uma tenda mortal; assim também, os cristãos montam a sua tenda no que é corruptível, mas na esperança da incorruptibilidade celeste (I Cor 15, 50). [...] E é tão nobre o posto que Deus lhes destinou, que não lhes é permitido desertar.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=readings&localdate=20100129
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=commentary&localdate=20100129

28 de Janeiro de 2010 - Quinta-feira da 3ª Semana do Tempo Comum


         II Samuel 7, 18-19.24-29
Então, Davi foi apresentar-se diante do Senhor e disse-lhe: «Quem sou eu, Senhor Deus, e quem é a minha família, para que me tenhas conduzido até aqui? E, como se isto fosse pouco para ti, Senhor Deus, fizeste também promessas à família do Teu servo para os tempos futuros! Porque esta é a lei do homem, ó Senhor Deus! 
Estabeleceste solidamente o teu povo, Israel, para ser eternamente o Teu povo, e Tu, Senhor, seres o seu Deus. Agora, pois, Senhor Deus, cumpre para sempre a promessa que fizeste ao Teu servo e à sua casa e faz como disseste. O Teu nome será exaltado para sempre e dir-se-á: 'O Senhor do universo é o Deus de Israel.' E permanecerá estável diante de Ti a casa do Teu servo Davi. 
Porque Tu próprio, ó Senhor do universo, Deus de Israel, fizeste ao teu servo esta revelação: 'Eu te construirei uma casa.' Por isso, o Teu servo se animou a dirigir-Te esta prece. Agora, ó Senhor Deus, só Tu és Deus, e as Tuas palavras são a própria verdade. Já que prometeste ao Teu servo estes bens, abençoa, desde agora, a sua casa, para que ela subsista para sempre diante de Ti: porque Tu, Senhor Deus, falaste e, graças à Tua bênção, a casa do Teu servo será abençoada eternamente.» 

Salmos 132 (131), 1-2.3-5.11.12.13-14
SENHOR, lembra-Te de Davi e dos seus múltiplos trabalhos; 
do juramento que fez ao SENHOR e do voto que fez ao Deus de Jacó: 
«Não entrarei na minha tenda nem me deitarei no meu leito de descanso, 
não deixarei dormir os meus olhos nem descansar as minhas pálpebras, 
enquanto não encontrar um lugar para o SENHOR, uma morada para o Deus poderoso de Jacó.» 
SENHOR fez um juramento a Davi, uma promessa a que não faltará:
«Hei de colocar no teu trono um descendente da tua família. 
Se os teus filhos guardarem a minha aliança e os preceitos que lhes Hei de ensinar,
 também os filhos deles se hão de sentar para sempre no teu trono.» 
SENHOR escolheu Sião, preferiu-a para Sua morada: 
«Este será para sempre o Meu lugar de repouso, aqui habitarei, porque o escolhi. 

Evangelho segundo São Marcos 4, 21-25
Disse-lhes ainda: «Põe-se, porventura, a candeia debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é para ser colocada no candelabro? Porque não há nada escondido que não venha a descobrir-se, nem há nada oculto que não venha à luz. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.» 
E prosseguiu: «Tomai sentido no que ouvis. Com a medida que empregardes para medir é que sereis medidos, e ainda vos será acrescentado. Pois àquele que tem, será dado; e ao que não tem, mesmo aquilo que tem lhe será tirado.» 

 Comentário ao Evangelho do dia feito por 
Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionários da Caridade 
Algo belo para Deus
«Com a medida que empregardes para medir é que sereis medidos»
Estando Cristo invisível, não Lhe podemos mostrar o nosso amor; mas os nossos vizinhos estão sempre visíveis, e podemos fazer por eles aquilo que, se Cristo fosse visível, gostaríamos de fazer a Ele.
Hoje, é o mesmo Cristo que está presente naqueles de que ninguém precisa, que ninguém emprega, de que ninguém cuida, que têm fome, que estão nus, que não têm lar. Esses parecem inúteis ao Estado e à sociedade; ninguém tem tempo para lhes dar. Compete-nos a nós, cristãos, a vós e a mim, dignos do amor Cristo se o nosso é verdadeiro, compete-nos a nós procurá-los, ajudá-los; eles estão lá para que os encontremos.
Trabalhar por trabalhar, tal é o perigo que nos ameaça permanentemente. É aí que o respeito, o amor e a devoção intervêm, para que dirijamos o nosso trabalho a Deus, a Cristo. Eis o motivo porque tentamos fazê-lo da maneira mais bonita possível.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=readings&localdate=20100128
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=commentary&localdate=20100128

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

27 de Janeiro de 2010 - Quarta-feira da 3ª Semana do Tempo Comum


II Samuel 7, 4-17
Mas, naquela mesma noite, o Senhor falou a Natan, dizendo-lhe: «Vai dizer ao meu servo Davi: Diz o Senhor: "És tu que me vais construir uma casa para Eu habitar? Desde que tirei da terra do Egito os filhos de Israel até ao dia de hoje, não habitei em casa alguma; mas peregrinava alojado numa tenda que me servia de morada. 
E, durante todo o tempo em que andei no meio dos israelitas, disse, porventura, a algum dos chefes de Israel que encarreguei de apascentar o meu povo: 'Porque não me edificais uma casa de cedro?' Dirás, pois, agora, ao meu servo Davi: Diz o Senhor do universo: Eu tirei-te das pastagens onde apascentavas as tuas ovelhas, para fazer de ti o chefe de Israel, meu povo. 
Estive contigo em toda a parte por onde andaste; exterminei diante de ti todos os teus inimigos e fiz o teu nome tão célebre como o nome dos grandes da terra. Fixarei um lugar para Israel, meu povo; nele o instalarei, e ali habitará, sem jamais ser inquietado; e os filhos da iniqüidade não mais o oprimirão, como outrora, no tempo em que Eu estabelecia juízes sobre o meu povo, Israel. A ti concedo uma vida tranqüila, livrando-te de todos os teus inimigos. Além disso, o Senhor faz hoje saber que será Ele próprio quem edificará uma casa para ti. 
Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e consolidarei o seu reino. Ele construirá um templo ao meu nome, e Eu firmarei para sempre o seu trono régio. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Se ele cometer alguma falta, hei de corrigi-lo com varas e com açoites, como fazem os homens, mas não lhe tirarei a minha graça, como fiz a Saul, a quem afastei diante de ti. A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de mim, e o teu trono estará firme para sempre".» 
Foi segundo estas palavras e esta visão que Natan falou a Davi. 

Salmos 89(88), 4-5.27-28.29-30
"Fiz uma aliança com o meu eleito, jurei a Davi, meu servo:
'Estabelecerei a tua descendência para sempre e o teu trono há de manter-se eternamente'.
Ele me invocará, dizendo: 'Tu és meu pai, és o meu Deus e o rochedo da minha salvação!'
E Eu farei dele o primogênito, o maior entre os reis da terra.
Hei de assegurar lhe para sempre o meu favor e a minha aliança com ele há de manter-se firme.
Estabelecerei para sempre a sua descendência e o seu trono terá a duração dos céus."

Evangelho segundo São Marcos 4, 1-20
De novo começou a ensinar à beira-mar. Uma enorme multidão veio agrupar-se junto dele e, por isso, subiu num barco e sentou-se nele, no mar, ficando a multidão em terra, junto ao mar. 
Ensinava-lhes muitas coisas em parábolas e dizia nos seus ensinamentos: «Escutai: o semeador saiu a semear. Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho e vieram as aves e comeram-na. Outra caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra e logo brotou, por não ter profundidade de terra; mas, quando o sol se ergueu, foi queimada e, por não ter raiz, secou. Outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, sufocaram-na, e não deu fruto. Outra caiu em terra boa e, crescendo e vicejando, deu fruto e produziu a trinta, a sessenta e a cem por um.» E dizia: «Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.» 
Ao ficar só, os que o rodeavam, juntamente com os Doze, perguntaram-lhe o sentido da parábola. Respondeu: «A vós é dado conhecer o mistério do Reino de Deus; mas, aos que estão de fora, tudo se lhes propõe em parábolas, para que ao olhar, olhem e não vejam, ao ouvir, oiçam e não compreendam, não vão eles converter-se e ser perdoados.» 
E acrescentou: «Não compreendeis esta parábola? Como compreendereis então todas as outras parábolas? O semeador semeia a palavra. Os que estão ao longo do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; e, mal a ouvem, chega Satanás e tira a palavra semeada neles. Do mesmo modo, os que recebem a semente em terreno pedregoso, são aqueles que, ao ouvirem a palavra, logo a recebem com alegria, mas não têm raiz em si próprios, são inconstantes e, quando surge a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, logo desfalecem. Outros há que recebem a semente entre espinhos; esses ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e as restantes ambições entram neles e sufocam a palavra, que fica infrutífera. Aqueles que recebem a semente em boa terra são os que ouvem a palavra, a recebem, dão fruto e produzem a trinta, a sessenta e a cem por um.» 

 Comentário ao Evangelho do dia feito por 
São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia depois Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja 
Homilias sobre S. Mateus, nº 44; p. 57, 467 (a partir da trad. Orval)
«Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!»
Na parábola do semeador, Cristo mostra-nos que a Sua palavra se dirige a todos indistintamente. Com efeito, tal como o semeador da parábola não faz qualquer distinção entre os terrenos, mas semeia em todas as direções, também o Senhor não distingue entre o rico e o pobre, o sábio e o tolo, o negligente e o aplicado, o corajoso e o covarde, mas dirige-Se a todos e, apesar de conhecer o porvir, pelo Seu lado empenha-se totalmente, de modo a poder dizer: «Que devia eu fazer que não tenha feito?» (Is 5, 4). [...]
Além disso, o Senhor diz este parábola para encorajar os Seus discípulos e educá-los a não se deixarem abater mesmo se os que acolhem a palavra são menos numerosos do que os que a desperdiçam. Era assim para o próprio Mestre que, apesar do Seu conhecimento do futuro, não cessava de espalhar a semente.
Mas, dirás tu, que benefício havia em espalhá-la nos espinheiros, nas pedras ou no caminho? No caso de se tratar de uma semente e de uma terra materiais, isso não faria sentido; mas quando se trata de almas e da Palavra, a coisa é inteiramente digna de elogios. Reprovar-se-ia com razão um agricultor que agisse assim; a pedra não pode tornar-se terra, o caminho não pode deixar de ser um caminho e os espinhos não podem deixar de ser espinhos. Mas no domínio espiritual não é do mesmo modo: a pedra pode tornar-se uma terra fértil, o caminho não mais ser pisado pelos caminhantes e tornar-se um campo fecundo, os espinhos podem ser arrancados e permitirem à semente frutificar livremente. Se isso não fosse possível, o semeador não teria espalhado a Sua semente como o fez.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=readings&localdate=20100126
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=commentary&localdate=20100127