quinta-feira, 29 de julho de 2010

31 de Julho de 2010 – Sábado da 17ª Semana do Tempo Comum

Jeremias 26, 11-16.24
Então, os sacerdotes e os profetas falaram aos príncipes e à multidão: «Este homem merece a morte porque profetizou contra esta cidade, como todos vós ouvistes.» 
Jeremias, porém, respondeu aos príncipes e ao povo: «Foi o Senhor que me enviou a profetizar contra este templo e contra esta cidade os oráculos que ouvistes. Reformai, portanto, a vossa vida e as vossas obras, ouvi a palavra do Senhor, vosso Deus, e o Senhor afastará de vós o mal com que vos ameaça. 
Quanto a mim, entrego-me nas vossas mãos. Fazei de mim o que quiserdes e o que melhor vos parecer. Sabei, porém, que, se me condenardes à morte, sereis responsáveis pelo sangue inocente, assim como esta cidade e os seus habitantes porque, na verdade, foi o Senhor que me enviou para vos transmitir estes oráculos.» 
Então, os príncipes e a multidão disseram aos sacerdotes e aos profetas: «Este homem não merece a morte! Foi em nome do Senhor, nosso Deus, que nos falou.» Quanto a Jeremias, ele gozava da proteção de Aicam, filho de Chafan, para que não fosse entregue nas mãos do povo a fim de ser condenado à morte. 

Salmos 69 (68), 15-16.30-31.33-34
Tira-me do lodo, para que não me afunde!
Salva-me dos que me odeiam e das águas profundas!
Não me cubram as ondas nem me engula o abismo;
que a boca do poço não se feche sobre mim.
Mas a mim, triste e aflito, que a tua salvação,
ó Deus, me restabeleça.
Louvarei, com cânticos, o nome de Deus;
hei de glorificá-lo com ações de graças.
Que os humildes vejam isto e se alegrem,
e os que buscam a Deus se encham de coragem,
porque o SENHOR escuta os necessitados
e não despreza o seu povo cativo.


Evangelho segundo 
São Mateus 14, 1-12
Por aquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos de Herodes, o tetrarca, e ele disse aos seus cortesãos: «Esse homem é João Batista! Ressuscitou dos mortos e, por isso, se manifestam nele tais poderes miraculosos.» 
De fato, Herodes tinha prendido João, algemara-o e metera-o na prisão, por causa de Herodíade, mulher de seu irmão Filipe. Porque João dizia-lhe: «Não te é lícito possuí-la.» Quisera mesmo dar-lhe a morte, mas teve medo do povo, que o considerava um profeta. 
Ora, quando Herodes festejou o seu aniversário, a filha de Herodíade dançou perante os convidados e agradou a Herodes, pelo que ele se comprometeu, sob juramento, a dar-lhe o que ela lhe pedisse. Induzida pela mãe, respondeu: «Dá-me, aqui num prato, a cabeça de João Batista.» O rei ficou triste, mas, devido ao juramento e aos convidados, ordenou que lha trouxessem e mandou decapitar João Batista na prisão. 
Trouxeram, num prato, a cabeça de João e deram-na à jovem, que a levou à sua mãe. Os discípulos de João vieram buscar o corpo e sepultaram-no; depois, foram dar a notícia a Jesus. 

Comentário ao Evangelho do dia feito por 
São Pedro Damião (1007-1072), eremita
e seguidamente bispo, Doutor da Igreja 
Sermões 24-25
Precursor na vida e na morte
João foi Precursor de Cristo pelo nascimento, pela pregação, pelo baptismo e pela morte. [...] Seremos capazes de descobrir uma única virtude, um só gênero de santidade que o Precursor não tenha possuído no mais alto grau? Entre os santos eremitas, nunca nenhum impôs a si mesmo esta regra de ter apenas por alimento mel silvestre, ao qual se junta essa coisa incomestível: gafanhotos! Alguns renunciam ao mundo e fogem dos homens para viver santamente, mas João era apenas uma criança [...] quando se adentrou no deserto e escolheu resolutamente viver em solidão. Renunciou a suceder a seu pai no cargo de sacerdote, a fim de poder anunciar com toda a liberdade o Pai verdadeiro e soberano. Os profetas predisseram antecipadamente a vinda do Salvador, os apóstolos e os outros mestres da Igreja atestam que essa vinda teve realmente lugar, mas João mostrou-O presente entre os homens. Muitos guardaram a virgindade e não sujaram a brancura das suas túnicas (cf. Ap 14, 4), mas João renunciou a toda a companhia humana, a fim de arrancar pela raiz os mais intensos desejos da carne e, cheio de fervor espiritual, viveu entre os animais selvagens. 
João preside ao próprio cerne do coração escarlate dos mártires, como mestre de todos eles: combateu valentemente pela verdade e morreu por ela. Tornou-se o chefe de todos aqueles que lutam por Cristo e, primeiro que todos eles, cravou no céu o estandarte triunfal do martírio.

Fontes:

30 de Julho de 2010 - Sexta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum

Jeremias 26, 1-9
No começo do reinado de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, a palavra do Senhor foi dirigida a Jeremias, nestes termos: «Isto diz o Senhor: ‘Põe-te no átrio do templo e fala ali a todos os habitantes de Judá que vêm prostrar-se no templo do Senhor, e anuncia-lhes todas as palavras que te mandei anunciar, sem omitir nenhuma.
Talvez te ouçam e se convertam cada um do seu mau caminho. Arrepender-me-ei então do castigo que, por causa das suas más obras, tinha determinado dar-lhes.’ Dir-lhes-ás: ‘Isto diz o Senhor: Se não me ouvirdes, se não obedecerdes à lei que vos impus, ouvindo as palavras dos profetas, meus servos, que continuamente vos enviei, e a quem não tendes ouvido, farei a esta casa o que fiz a Silo e farei desta cidade um objecto de maldição para todos os povos da terra.’»
Os sacerdotes, os profetas e todo o povo ouviram Jeremias pronunciar estas palavras no templo. Porém, mal Jeremias acabara de repetir o que o Senhor lhe ordenara dizer ao povo, os sacerdotes, os profetas e a multidão lançaram-se sobre ele, exclamando: «À morte! Por que profetizas, em nome do Senhor, este oráculo: ‘Acontecerá a este templo o mesmo que sucedeu a Silo e esta cidade será transformada em deserto, sem habitantes?’» Juntou-se toda a multidão contra Jeremias no templo do Senhor.

Salmos 69, 5. 8-10.14
Mais numerosos que os cabelos de minha cabeça
são os que me detestam sem razão.
São mais fortes que meus ossos
os meus injustos inimigos.
Porventura posso restituir
o que não roubei?
Pois foi por vós que eu sofri afrontas,
cobrindo-se-me o rosto de confusão.
Tornei-me um estranho para meus irmãos,
um desconhecido para os filhos de minha mãe.
É que o zelo de vossa casa me consumiu,
e os insultos dos que vos ultrajam caíram sobre mim.
Minha oração, porém,
sobe até vós, Senhor,
na hora de vossa misericórdia, ó Deus.
Na vossa imensa bondade, escutai-me,
segundo a fidelidade de vosso socorro.

Evangelho segundo São Mateus 13, 54-58
Tendo chegado à sua terra, ensinava os habitantes na sinagoga deles, de modo que todos se enchiam de assombro e diziam: «De onde lhe vem esta sabedoria e o poder de fazer milagres? Não é Ele o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Suas irmãs não estão todas entre nós? De onde lhe vem, pois, tudo isto?»
E estavam escandalizados por causa dele. Mas Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua pátria e em sua casa.» E não fez ali muitos milagres, por causa da falta de fé daquela gente.

Comentário ao Evangelho do dia feito por
Bem-aventurado João XXIII (1881-1963), papa
Diário da alma, 1901-1903 (trad. a partir de Cerf 1964, p. 240)
«De onde Lhe vem esta sabedoria [...]? Não é Ele o filho do carpinteiro?»
De cada vez que penso no grande mistério da vida oculta e humilde de Jesus durante os Seus primeiros trinta anos, o meu espírito fica ainda mais confundido e faltam-me as palavras. Ah! É tão evidente: face a uma lição tão luminosa como esta, não só os julgamentos do mundo, mas também os juízos e a maneira de pensar de muitos eclesiásticos parecem completamente falsos e se encontram no extremo oposto.
Da minha parte confesso que ainda não cheguei a fazer uma ideia disto. Da maneira como me conheço, parece-me que não tenho senão a aparência de humildade, mas que do seu verdadeiro espírito, desse «desejo de passar despercebido» que Jesus Cristo de Nazaré tinha, não conheço senão o nome. E dizer que Jesus passou trinta anos de vida oculta e que era Deus e era o resplendor da glória e a imagem fiel da substância do Pai (cf. Hb 1, 3), e que veio para salvar o mundo, e fez tudo isso apenas para nos ensinar como é necessária a humildade e como é indispensável praticá-la! E eu, que sou tão grande pecador e tão miserável, não penso senão em me comprazer a mim próprio, em me comprazer nos sucessos que me valem um pouco de honra terrena; nem sequer posso conceber o pensamento mais santo sem que nele se imiscua a preocupação com a minha reputação face aos outros. [...] No fim de contas, só com grande esforço me consigo acostumar à idéia do verdadeiro apagamento pessoal, tal como Jesus Cristo o praticou e tal como mo ensina.

Fontes:

quarta-feira, 28 de julho de 2010

29 de Julho de 2010 – Quinta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum - Santa Marta – Memória

I João 4, 7-16
Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor. E o amor de Deus manifestou-se desta forma no meio de nós: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigênito, para que, por Ele, tenhamos a vida.
É nisto que está o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele mesmo que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados. Caríssimos, se Deus nos amou assim, também nós devemos amar-nos uns aos outros. A Deus nunca ninguém o viu; se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor chegou à perfeição em nós.
Damos conta de que permanecemos nele, e Ele em nós, por nos ter feito participar do seu Espírito. Nós o contemplámos e damos testemunho de que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. Quem confessar que Jesus Cristo é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus. Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele.

Salmos 34 (33), 2-11
Em todo o tempo, bendirei o SENHOR;
o seu louvor estará sempre nos meus lábios.
A minha alma se gloria no SENHOR!
Que os humildes saibam e se alegrem.
Enaltecei comigo o SENHOR;
exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o SENHOR e Ele me respondeu,
livrou-me de todos os meus temores.
Aqueles que o contemplam ficam radiantes,
não ficarão de semblante abatido.
Quando um pobre invoca o SENHOR,
Ele o atende e o liberta das suas angústias.
O anjo do SENHOR
protege os que o temem
e livra-os do perigo.
Saboreai e vede como o SENHOR é bom;
feliz o homem que nele confia!
Temei o SENHOR,
vós que lhe estais consagrados,
pois nada falta aos que o temem.
Os ricos empobrecem e passam fome,
mas aos que procuram o SENHOR
nenhum bem há de faltar.

Evangelho segundo São João 11, 19-27
E muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria para lhes darem os pêsames pelo seu irmão. Logo que Marta ouviu dizer que Jesus estava a chegar, saiu a recebê-lo, enquanto Maria ficou sentada em casa. Marta disse, então, a Jesus: «Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido. Mas, ainda agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Ele to concederá.»
Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará.» Marta respondeu-lhe: «Eu sei que ele há de ressuscitar na ressurreição do último dia.» Disse-lhe Jesus: «Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre. Crês nisto?» Ela respondeu-lhe: «Sim, ó Senhor; eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo.»

Comentário ao Evangelho do dia feito por
Santo Agostinho (354-430),
Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja
Sermões sobre o Evangelho de João, n° 49, 15
«Quem crê em Mim viverá»
«Quem crê em Mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em Mim não morrerá para sempre.» Que quer isto dizer? «Quem crê em Mim, mesmo que tenha morrido como Lázaro, viverá», porque Deus não é um Deus de mortos, mas um Deus de vivos. Já a propósito de Abraão, de Isaac e de Jacó, os patriarcas há muito mortos, Jesus tinha dado aos judeus a mesma resposta: «Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó; não um Deus dos mortos, mas dos vivos, porque para Ele todos estão vivos» (cf. Lc 20, 38). Por isso, crê e, mesmo que estejas morto, viverás! Mas se não crês, mesmo que estejas vivo, na verdade estás morto. [...] De onde vem a morte da alma? Vem do fato de a fé já lá não estar. De onde vem a morte do corpo? Vem do fato de a alma já lá não estar. A alma da tua alma é a fé.
«Quem crê em Mim, mesmo que tenha morrido no seu corpo, terá a vida na sua alma até que o próprio corpo ressuscite para nunca mais morrer. E quem vive na sua carne e crê em Mim, embora tenha de morrer durante algum tempo no seu corpo, não morrerá para a eternidade, devido à vida do Espírito e à imortalidade da ressurreição.»
É isto que Jesus quer dizer na Sua resposta a Marta. [...] «Crês nisto?» «Sim, ó Senhor, respondeu ela, eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo. E, acreditando nisto, acreditei que és a ressurreição, acreditei que és a vida, acreditei que aquele que crê em Ti, mesmo que morra, viverá; acreditei que quem está vivo e crê em Ti não morrerá para a eternidade.»

Fontes:

segunda-feira, 26 de julho de 2010

28 de Julho de 2010 – Quarta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum

Jeremias 15, 10.16-21
Ai de mim, ó mãe, porque me deste à luz! Sou um homem de discórdia e de polêmica para toda a terra! Nunca emprestei e ninguém me emprestou; no entanto, todos me maldizem. Eu devoro as tuas palavras, onde as encontro; a tua palavra é a minha alegria, e as delícias do meu coração, porque o teu Nome, foi invocado sobre mim, ó Senhor, Deus do universo! 
Nunca me sentei entre os escarnecedores, para com eles me divertir. Forçado pela tua mão, sentei-me solitário, porque me possuía a tua indignação. Por que se tornou perpétua a minha dor, e não cicatriza a minha chaga, rebelde ao tratamento? Ai! Serás para mim como um riacho enganador de água inconstante? 
Por esta razão, o Senhor me diz: «Se te reconciliares comigo, receber-te-ei novamente e poderás estar na minha presença. Se conseguires retirar o precioso do vil, serás como a minha boca. Serão eles, então, que virão a ti e não tu que irás a eles. Tornar-te-ei, para este povo, como sólida muralha de bronze. Combaterão contra ti, mas não conseguirão vencer-te, porque Eu estarei a teu lado para te proteger e salvar – oráculo do Senhor. Livrar-te-ei das garras dos maus, resgatar-te-ei do poder dos opressores.» 

Salmos 59 (58)
— Sois meu refúgio no dia da aflição.
— Sois meu refúgio no dia da aflição.

— Libertai-me do inimigo, ó meu Deus, e protegei-me contra os meus perseguidores! Libertai-me dos obreiros da maldade, defendei-me desses homens sanguinários!

— Eis que ficam espreitando a minha vida, poderosos armam tramas contra mim. Mas eu, Senhor, não cometi pecado ou crime.

— Minha força, é a vós que me dirijo, porque sois o meu refúgio e proteção, Deus clemente e compassivo, meu amor! Deus virá com seu amor ao meu encontro, e hei de ver meus inimigos humilhados.

— Eu, então, hei de cantar vosso poder, e de manhã celebrarei vossa bondade, porque fostes para mim o meu abrigo, o meu refúgio no dia da aflição. Minha força, cantarei vossos louvores, porque sois o meu refúgio e proteção, Deus clemente e compassivo, meu amor!


Evangelho segundo São Mateus 13, 44-46
«O Reino do Céu é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem encontra. Volta a escondê-lo e, cheio de alegria, vai, vende tudo o que possui e compra o campo. 
O Reino do Céu é também semelhante a um negociante que busca boas pérolas. Tendo encontrado uma pérola de grande valor, vende tudo quanto possui e compra a pérola.» 




Comentário ao Evangelho do dia feito por 
São Boaventura (1221-1274), 
franciscano, Doutor da Igreja 
Vida de São Francisco, Legenda major, cap. 7 (a partir da trad. de Vorreux, Eds franciscaines 1951, p. 122)
A pérola de grande valor
De entre os dons espirituais recebidos da generosidade de Deus, Francisco obteve em particular o de enriquecer constantemente o seu tesouro de simplicidade graças ao seu amor pela extrema pobreza. Vendo que aquela que tinha sido a companheira habitual do Filho de Deus se tornara, nessa altura, objeto de uma aversão universal, tomou a peito desposá-la e devotou-lhe um amor eterno. Não satisfeito em «deixar por ela pai e mãe» (cf. Gn 2, 24), distribuiu pelos pobres tudo o que pudesse ter (cf. Mt 19, 21). Nunca ninguém guardou tão ciosamente o seu dinheiro como Francisco guardou a sua pobreza; nunca ninguém vigiou o seu tesouro com maior cuidado do que o que ele colocou em guardar esta pérola de que fala o Evangelho. 
Nada o magoava mais do que encontrar junto dos seus irmãos qualquer coisa que não fosse perfeitamente conforme à pobreza dos religiosos. Pessoalmente, desde o princípio da sua vida como religioso até a morte, não teve senão uma túnica, uma corda a servir de cinto e umas bragas como única riqueza; não precisava de mais nada. Acontecia-lhe muitas vezes chorar ao pensar na pobreza de Cristo Jesus e na de Sua Mãe. Dizia ele: «Aqui está a razão pela qual a pobreza é a rainha das virtudes: pelo esplendor com que brilhou no ‘Rei dos reis’ (I Tm 6, 15) e na Rainha Sua Mãe.»
Quando os irmãos lhe perguntaram um dia qual era a virtude que nos torna mais amigos de Cristo ele respondeu abrindo-lhes, por assim dizer, o segredo do seu coração: «Sabei, irmãos, que a pobreza espiritual é o caminho privilegiado para a Salvação, visto que é a seiva da humildade e a raiz da perfeição; os seus frutos são incontáveis, embora escondidos. Ela é esse ‘tesouro escondido num campo’, do qual nos fala o Evangelho, pelo qual é necessário vender tudo o resto e cujo valor deve impelir-nos a desprezar todas as outras coisas.»

Fontes:
http://www.cancaonova.com/portal/canais/liturgia/index.php?dia=28&mes=7&leitura=2

27 de Julho de 2010 – Terça-feira da 17ª Semana do Tempo Comum

Jeremias 14, 17-22 
Tu lhes dirás a seguinte mensagem: «Derramem os meus olhos lágrimas noite e dia, sem descanso porque a jovem, filha do meu povo, foi ferida com um golpe terrível, e sua chaga não tem cura!» Se saio aos campos, eis os mortos à espada; se regresso à cidade, eis os dizimados pela fome. Até profetas e sacerdotes vagueiam pelo país, sem nada compreenderem. 
Acaso rejeitaste inteiramente Judá? Porventura, sentes nojo de Sião? Por que nos feriste sem esperança de cura? Esperávamos a paz, mas nada há de bom; esperávamos a hora do alívio, mas só vemos angústia! Senhor! Conhecemos a nossa culpa e a iniqüidade dos nossos pais. Pecamos realmente contra ti. 
Mas, por amor do teu nome, não nos abandones nem desonres o trono da tua glória. Lembra-te de nós, não anules a tua aliança conosco. Será que algum dos ídolos dos pagãos, traz a chuva? Ou é o céu que proporciona as chuvas? Não és Tu, Senhor, o nosso Deus? Nós esperamos em ti, pois és Tu quem faz todas estas coisas. 

Salmos 79, 8-9.11.13
De nossos antepassados esqueçais as culpas;
vossa misericórdia venha logo ao nosso encontro,
porque estamos reduzidos a extrema miséria.
Ajudai-nos, ó Deus salvador,
pela glória de vosso nome;
livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados
pelo amor de vosso nome.
Cheguem até vós os gemidos dos cativos:
livrai, por vosso braço,
os condenados à pena de morte.
Quanto a nós,
vosso povo e ovelhas de vosso rebanho,
glorificaremos a vós perpetuamente;
de geração em geração
cantaremos os vossos louvores.

Evangelho segundo São Mateus 13, 36-43
Afastando-se, então, das multidões, Jesus foi para casa. E os seus discípulos, aproximando-se dele, disseram-lhe: «Explica-nos a parábola do joio no campo.» 
Ele, respondendo, disse-lhes: «Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do Reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que a semeou é o diabo; a ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os anjos. Assim, pois, como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo: o Filho do Homem enviará os seus anjos, que hão-de tirar do seu Reino todos os escandalosos e todos quantos praticam a iniqüidade, e lançá-los na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o Sol, no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos, ouça!» 

Comentário ao Evangelho do dia feito por 
Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997),
fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade 
A Simple Path (a partir da trad. Un chemin simple, Plon, Mame 1995, p. 69)
«A boa semente são os filhos do Reino»
Não existem dois mundos, o mundo físico e o mundo espiritual; há apenas um: o Reino de Deus, «na Terra como no céu» (Mt 6, 10).
Muitas pessoas dizem: «Pai Nosso que estais no céu», e pensam que Deus está lá em cima, o que reforça a ideia de uma separação entre os dois mundos. Os ocidentais gostam de distinguir a matéria do espírito. Mas a verdade é só uma, e o mesmo acontece com a realidade. Desde o momento em que admitimos a incarnação de Deus, que para os cristãos se realiza na pessoa de Jesus Cristo, começamos a levar as coisas a sério.

Fontes: