segunda-feira, 31 de maio de 2010

1º de Junho de 2010 – Terça-feira da 9ª Semana do Tempo Comum

II Pedro 3, 12-15.17-18
Enquanto esperais e apressais a chegada do dia de Deus, quando os céus, a arder, se desintegrarem e os elementos do mundo, com o ardor do fogo, se derreterem! Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos uns novos céus e uma nova terra, onde habite a justiça. 
Portanto, caríssimos, enquanto esperais estes acontecimentos, esmerai-vos para que Ele vos encontre imaculados, irrepreensíveis e em paz. Considerai que a paciência de Nosso Senhor é para nossa salvação. Nesta ordem de idéias, escreveu-vos também o nosso caríssimo irmão Paulo, segundo a sabedoria que lhe foi concedida. 
Vós, caríssimos, dado que sabeis isto de antemão, estai alerta para que não venhais a cair da vossa firmeza, arrastados pelo erro desses malvados.
Crescei, antes, na graça e no conhecimento do Nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A Ele seja dada glória, agora e até ao dia eterno. Amém. 

Salmos 90, 2-4.10.14.16
Antes de surgirem as montanhas,
antes de nascerem a terra e o mundo,
desde sempre e para sempre Tu és Deus.
Tu podes reduzir o homem ao pó,
dizendo apenas: "Voltai ao pó, seres humanos!"
Mil anos, diante de ti, são como o dia de ontem,
que passou, ou como uma vigília da noite.
A duração da nossa vida poderá ser de setenta anos e,
para os mais fortes, de oitenta;
mas a maior parte deles é trabalho e miséria,
passam depressa e nós desaparecemos.
Sacia-nos pela manhã com os teus favores,
para podermos cantar e exultar todos os dias.
Manifesta aos teus servos a tua obra,
e aos filhos deles, o teu esplendor.

Evangelho segundo São Marcos 12, 13-17
Em seguida, enviaram-lhe alguns fariseus e partidários de Herodes, a fim de o apanharem em alguma palavra. Aproximando-se, disseram-lhe: «Mestre, sabemos que és sincero, que não te deixas influenciar por ninguém, porque não olhas à condição das pessoas, mas ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade. Diz-nos, pois: é lícito ou não pagar tributo a César? Devemos pagar ou não?» 
Jesus, conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu: «Por que me tentais? Trazei-me um denário para Eu ver.» Trouxeram-lho e Ele perguntou: «De quem é esta imagem e a inscrição?» Responderam: «De César.» Jesus disse: «Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.» E ficaram admirados com Ele. 

Comentário ao Evangelho do dia feito por 
São Columbano (563-615), monge, fundador de mosteiros 
Instrução 11, 1-4: PL 80, 250-252 (a partir da trad. Orval)
«De quem é esta imagem?»
Moisés escreveu na Lei: «Deus fez o homem à Sua imagem e semelhança» (Gn 1, 26). Peço-vos que considereis a importância desta afirmação: Deus, o onipotente, o invisível, o incompreensível, o inestimável, ao formar o homem com o barro da terra, enobreceu-o com a imagem da Sua própria grandeza. O que têm em comum o homem e Deus, o barro e o espírito? Com efeito, «Deus é espírito» (Jo 4, 24). Foi, pois, uma grande prova de estima pelo homem ter-lhe Deus concedido a imagem da Sua eternidade e a semelhança da Sua própria vida. A grandeza do homem é a sua semelhança com Deus, desde que a conserve. [...]
Enquanto a alma fizer bom uso das virtudes nela semeadas, será semelhante a Deus. Deus ensinou-nos a remeter para Ele todas as virtudes que colocou em nós quando nos criou. Pede-nos, antes de mais, que amemos a Deus com todo o coração (Dt 6, 5), porque «Ele nos amou primeiro» (I Jo 4, 10), amou-nos desde o começo, antes mesmo de existirmos. Amar a Deus é, pois, renovar em nós a Sua imagem. Ora, ama a Deus aquele que guarda os Seus mandamentos. [...]
Temos, pois, o dever de refletir em honra do nosso Deus, do nosso Pai, a imagem inviolada da Sua santidade, porque Ele é santo e nos disse: «Sede santos como Eu sou santo» (Lv 11, 45); com amor, porque Ele é amor e João disse: «Deus é amor» (I Jo 4, 8); com ternura e em verdade, porque Deus é bom e verdadeiro. Não sejamos pintores de uma imagem infiel. [...] E, a fim de não introduzirmos em nós a imagem do orgulho, consintamos que Cristo pinte a Sua imagem em nós.

Fontes:

domingo, 30 de maio de 2010

31 de Maio de 2010 - Visitação de Nossa Senhora - Festa

Sofonias 3, 14-18
Rejubila, filha de Sião, solta gritos de alegria, povo de Israel! Alegra-te e exulta com todo o coração, filha de Jerusalém! O Senhor revogou as sentenças contra ti, e afastou o teu inimigo. O Senhor, rei de Israel, está no meio de ti. Não temerás mais a desgraça. 
Naquele dia, dir-se-á a Jerusalém: «Não temas, Sião! Não se enfraqueçam as tuas mãos! O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua causa, pelo seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa, como nos dias de festa.» Afastarei de ti a desgraça para que não pese sobre ti o opróbrio. 

Isaías 12, 2-6
Este é o Deus da minha salvação; 
estou confiante e nada temo,
porque a minha força e o meu canto de vitória
é o SENHOR; Ele foi a minha salvação.
Tirareis água com alegria das fontes da salvação. 
Naquele dia cantareis: «Louvai o SENHOR,
invocai o seu nome, anunciai as suas obras entre os povos;
proclamai que o seu nome é excelso. 
Cantai ao SENHOR porque Ele fez maravilhas;
anunciai-as em toda a terra. 
Exultai de alegria, habitantes de Sião,
e proclamai como é grande no meio de ti o Santo de Israel.» 

Evangelho segundo São Lucas 1, 39-56
Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judéia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 
Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.» 
Maria disse, então:
«A minha alma glorifica o Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva.
De hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo Poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o seu nome.
 
A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem.
Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos.
 
Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes.
 
Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.
 
Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,
 
como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre.»
 
Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois regressou a sua casa.

 Comentário ao Evangelho do dia feito por
Bem-aventurada Teresa de Calcutá (1910-1997), 
fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade 
No Greater Love (a partir da trad. 
Pas de plus grand amour, Lattès 1997, p. 132)
«Maria pôs-se a caminho 
e dirigiu-se às pressas para a montanha»
Depois de ter sido visitada pelo anjo, Maria foi a correr ter com a sua prima Isabel, que estava grávida. E a criança que ia nascer, João Batista, saltou de alegria no seio de Isabel. Que maravilha! Deus todo poderoso escolheu uma criança que ia nascer para anunciar a vinda do Seu Filho!
Pelo mistério da Anunciação e da Visitação, Maria representa o próprio modelo da vida que devíamos levar. Primeiro, acolheu Jesus na sua existência; depois, partilhou o que recebeu. Cada vez que recebemos a Sagrada Comunhão, Jesus, o Verbo, torna-Se carne na nossa vida - dom de Deus, ao mesmo tempo belo, gracioso, singular. Assim foi a primeira Eucaristia: o oferecimento por Maria do seu Filho, que estava nela, nela em quem Ele tinha estabelecido o primeiro altar. Maria, a única que podia afirmar com absoluta confiança: «Isto é o meu corpo», ofereceu, a partir deste primeiro momento, o seu próprio corpo, a sua força, todo o seu ser, para a formação do Corpo de Cristo.
A nossa Mãe, a Igreja, elevou as mulheres a uma grande honra diante de Deus, ao proclamar Maria Mãe da Igreja.

Fontes:

sábado, 29 de maio de 2010

30 de Maio de 2010 – Domingo da Santíssima Trindade (Ofício Próprio) – Solenidade

A festa que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de "um Deus em Três Pessoas"; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para fazê-los comungar nesse mistério de amor.
A Primeira Leitura sugere-nos a contemplação do Deus criador. A sua bondade e o seu amor estão inscritos e manifestam-se aos homens na beleza e na harmonia das obras criadas (Jesus Cristo é "sabedoria" de Deus e o grande revelador do amor do Pai).
A Segunda Leitura nos convida a contemplar o Deus que nos ama e que, por isso, nos "justifica", de forma gratuita e incondicional. É através do Filho que os dons de Deus/Pai se derramam sobre nós e nos oferecem a vida em plenitude.
O Evangelho convoca-nos, outra vez, para contemplar o amor do Pai, que se manifesta na doação e na entrega do Filho e que continua a acompanhar a nossa caminhada histórica através do Espírito. A meta final desta "história de amor" é a nossa inserção plena na comunhão com o Deus/amor, com o Deus/família, com o Deus/comunidade.

Provérbios 8, 22-31
O Senhor criou-me, como primícias das suas obras,
desde o princípio, antes que criasse coisa alguma. 
Desde a eternidade fui formada, desde as origens,
antes dos primórdios da terra. 
Ainda não havia os abismos e eu já tinha sido concebida;
ainda as fontes das águas não tinham brotado; 
antes que as montanhas fossem implantadas,
antes de haver outeiros, eu já tinha nascido. 
Ainda Ele não tinha criado a terra nem os campos,
nem os primeiros elementos do mundo. 
Quando Ele formava os céus, ali estava eu;
quando colocava a abóbada por cima do abismo, 
quando condensava as nuvens, nas alturas,
quando continha as fontes do abismo,
quando fixava ao mar os seus limites,
para que as águas não ultrapassassem a sua orla;
quando assentou os fundamentos da terra, 
eu estava com Ele como arquiteto, e era o seu encanto,
todos os dias, brincando continuamente em sua presença; 
brincava sobre a superfície da Terra,
e as minhas delícias é estar junto dos seres humanos. 

Salmos 8, 4-9
Quando contemplo os céus, obra das tuas mãos,
a Lua e as estrelas que Tu criaste:
que é o homem para te lembrares dele,
o filho do homem para com ele te preocupares?
Quase fizeste dele um ser divino;
de glória e de honra o coroaste.
Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos,
tudo submeteste a seus pés:
rebanhos e gado, sem exceção,
e até mesmo os animais bravios;
as aves do céu e os peixes do mar,
tudo o que percorre os caminhos do oceano.

Carta de São Paulo aos Romanos 5, 1-5 
Portanto, uma vez que fomos justificados pela fé, estamos em paz com Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo. Por Ele tivemos acesso, na fé, a esta graça na qual nos encontramos firmemente e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. 
Mais ainda, gloriamo-nos também das tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, a paciência a firmeza, e a firmeza a esperança. Ora a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. 

Evangelho segundo São João 16, 12-15
«Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de compreendê-las agora. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há de vir. 
Ele há de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer. Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que Eu disse: 'Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer'.» 

 Comentário ao Evangelho do dia feito por
São João da Cruz (1542-1591), carmelita, Doutor da Igreja 
«Cantar da alma que folga em conhecer a Deus por fé»,
Poema, Obras completas, Edições  Carmelo, 2005 pg. 68
«Um só Deus, um só Senhor, não na unidade de uma só pessoa,
mas na trindade de uma só natureza.» (Prefácio)

Que bem sei eu a fonte que mana e corre
Mesmo sendo noite!

Aquela eterna fonte está escondida.
Bem eu sei onde tem sua guarida, 
Mesmo sendo noite!

Sei que não pode haver coisa tão bela
E sei que os céus e a terra bebem dela,
Mesmo sendo noite!

Sua origem não a sei, pois não a tem, 
Mas sei que toda a origem dela vem
Mesmo sendo noite!

O fundo dela, sei, não pode achar-se;
Jamais por ela a vau pode passar-se,
Mesmo sendo noite!

É claridade nunca escurecida
E sei que toda a luz dela é nascida,
Mesmo sendo noite!

Tão caudalosas são as suas correntes
Que céus e infernos regam, mais as gentes,
Mesmo sendo noite!

Nascida de tal fonte, esta corrente
Bem sei que é mui capaz e onipotente,
Mesmo sendo noite!

Das duas a corrente que procede
Sei que nenhuma delas antecede,
Mesmo sendo noite!

Aquela eterna fonte está escondida
Neste pão vivo para dar-nos vida,
Mesmo sendo noite!

Aqui está chamando as criaturas:
Desta água se saciem, e às escuras,
Porque é de noite!

É esta a viva fonte que desejo
E neste pão de vida é que eu a vejo,
Mesmo sendo noite!



Fontes:

quinta-feira, 27 de maio de 2010

29 de Maio de 2010 - Sábado da 8ª Semana do Tempo Comum

Carta de São Judas (Tadeu) 1, 17.20-25
Caríssimos: recordai o que vos foi predito pelos Apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Construí o vosso edifício espiritual sobre o fundamento da vossa fé santíssima. Orai em união com o Espírito Santo e conservai-vos no amor de Deus, esperando na misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.
Procurai convencer os que hesitam e salvai-os, arrancando-os do fogo; dos outros, compadecei-vos, mas com prudência, detestando até a túnica contaminada pela sua carne.
Àquele que vos pode preservar da queda e apresentar-vos diante da sua glória, na alegria duma consciência sem mancha, ao único Deus, nosso Salvador, por Nosso Senhor Jesus Cristo, a glória e a majestade, a força e o poder, antes de todos os séculos, agora e para sempre. Amém.

Salmos 63, 2-6
Ó Deus, Tu és o meu Deus! Anseio por ti!
A minha alma tem sede de ti;
todo o meu ser anela por ti,
como terra árida.
Quero contemplar-te no santuário,
para ver o teu poder e a tua glória.
O teu amor vale mais do que a vida;
por isso, os meus lábios te hão de louvar.
Quero bendizer-te toda a minha vida
e em teu louvor levantar as minhas mãos.
A minha alma será saciada com deliciosos manjares,
com vozes de júbilo te louvarei.

Evangelho segundo São Marcos 11, 27-33
Regressaram a Jerusalém e, andando Jesus pelo templo, os sumos sacerdotes, os doutores da Lei e os anciãos aproximaram-se dele e perguntaram-lhe: «Com que autoridade fazes estas coisas? Quem te deu autoridade para fazê-las?» Jesus respondeu: «Também Eu vos farei uma pergunta; respondei-me e dir-vos-ei, então, com que autoridade faço estas coisas. O batismo de João era do Céu, ou dos homens? Respondei-me.» 
Começaram a discorrer entre si, dizendo: «Se dissermos 'do Céu’, dirá: 'Então por que não acreditastes nele?’ Se, porém, dissermos 'dos homens’, tememos a multidão.» Porque todos consideravam João um verdadeiro profeta. Por fim, responderam a Jesus: «Não sabemos.» E Jesus disse-lhes: «Nem Eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.» 

Comentário ao Evangelho do dia feito por 
Santo Hilário (c. 315-367),
bispo de Poitiers e Doutor da Igreja 
De Trinitate, VII, 26-27
«Com que autoridade fazes estas coisas?»
É de fato como Seu Pai, este Filho que Se Lhe assemelha. D'Ele procede, este Filho que podemos comparar ao Pai, pois que Lhe é semelhante. É-lhe igual, este Filho que realiza as mesmas obras que o Pai  (Jo 5, 19). [...] Sim, o Filho cumpre as obras do Pai; por isso, pede-nos que acreditemos que é o Filho de Deus. Com isto não Se arroga um título que não Lhe fosse devido; não é com base nas Suas próprias obras que Ele sustenta tal reivindicação. Não! Ele dá testemunho de que as obras que faz não são Suas, mas do Pai. E assim atesta que o esplendor das Suas ações Lhe vem do Seu nascimento divino. Mas como teriam os homens podido reconhecer n'Ele o Filho de Deus, no mistério desse corpo que Ele assumira, nesse homem nascido de Maria? Era para fazer penetrar no coração dos homens a fé n'Ele que o Senhor fazia todas aquelas obras: «Mas se as faço, embora não queirais acreditar em Mim, acreditai nas obras!» (Jo 10, 38).
Se a humilde condição do Seu corpo se afigura um obstáculo a que acreditemos na Sua palavra, Ele pede-nos para ao menos acreditarmos nas Suas obras. Com efeito, por que haveria o mistério do Seu nascimento humano de nos impedir a percepção do Seu nascimento divino ? [...] «Embora não queirais acreditar em Mim, acreditai nas obras, e assim vireis a saber e ficareis a compreender que o Pai está em Mim e Eu no Pai». [...]
Tal é a natureza que por nascimento Ele possui; tal é o mistério de uma fé que nos há de assegurar a salvação: não dividir Os que são Um, não privar o Filho da Sua natureza, e proclamar a verdade do Deus Vivo nascido do Deus Vivo [...]. «Assim como o Pai que Me enviou vive [...], Eu vivo pelo Pai» (Jo 6, 57). «Assim como o Pai tem a vida em Si mesmo, também deu ao Filho o poder de ter a vida em Si mesmo» (Jo 5, 26).

 

Fontes:

quarta-feira, 26 de maio de 2010

28 de Maio de 2010 - Sexta-feira da 8ª Semana do Tempo Comum

I Pedro 4, 7-13
Ora, o fim de todas as coisas está próximo. Sede, portanto, sensatos e sóbrios para vos poderdes dedicar à oração. Acima de tudo, mantende entre vós uma intensa caridade, porque o amor cobre a multidão dos pecados. Exercei a hospitalidade uns com os outros, sem queixas. Como bons administradores das várias graças de Deus, cada um de vós ponha ao serviço dos outros o dom que recebeu.
Se alguém tomar a palavra, que seja para transmitir palavras de Deus; se alguém exerce um ministério, faça-o com a força que Deus lhe concede, para que em todas as coisas Deus seja glorificado por Jesus Cristo. A Ele a glória e o poder por todos os séculos dos séculos. Amém.
Caríssimos, não estranheis a fogueira que se ateou no meio de vós para pôr-vos à prova, como se vos acontecesse alguma coisa estranha. Pelo contrário, alegrai-vos, pois assim como participais dos padecimentos de Cristo, assim também rejubilareis de alegria na altura da revelação da sua glória.

Salmos 96, 10-13
Proclamai entre os povos: "O Senhor é rei!"
 Por isso, a terra está firme, não vacila;
Deus governa os povos com eqüidade.
Alegrem-se os céus, exulte a terra!
Ressoe o mar e tudo o que nele existe!
Alegrem-se os campos e todos os seus frutos,
exultem de alegria todas as árvores dos bosques
na presença do SENHOR, que se aproxima
e vem para governar a terra!
Ele governará o mundo com justiça
e os povos, com a sua fidelidade.

Evangelho segundo São Marcos 11, 11-26
Chegou a Jerusalém e entrou no templo. Depois de ter examinado tudo em seu redor, como a hora já ia adiantada, saiu para Betânia com os Doze. Na manhã seguinte, ao deixarem Betânia, Jesus sentiu fome. 
Vendo ao longe uma figueira com folhas, foi ver se nela encontraria alguma coisa; mas, ao chegar junto dela, não encontrou senão folhas, pois não era tempo de figos. Disse então: «Nunca mais ninguém coma fruto de ti.» E os discípulos ouviram isto. 
Chegaram a Jerusalém; e, entrando no templo, Jesus começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; deitou por terra as mesas dos cambistas e os bancos dos vendedores de pombas, e não permitia que se transportasse qualquer objeto através do templo. E ensinava-os, dizendo: «Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos? Mas vós fizestes dela um covil de ladrões.» Os sacerdotes e os doutores da Lei ouviram isto e procuravam maneira de matá-lo, mas temiam-no, pois toda a multidão estava maravilhada com o seu ensinamento. 
Quando se fez tarde, saíram para fora da cidade. Ao passarem na manhã seguinte, viram a figueira seca até às raízes. Pedro, recordando-se, disse a Jesus: «Olha, Mestre, a figueira que amaldiçoaste secou!» Jesus disse-lhes: «Tende fé em Deus. Em verdade vos digo, se alguém disser a este monte: 'Tira-te daí e lança-te ao mar’, e não vacilar em seu coração, mas acreditar que o que diz se vai realizar, assim acontecerá. 
Por isso, vos digo: tudo quanto pedirdes na oração crede que já o recebestes e haveis de obtê-lo. Quando vos levantais para orar, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe primeiro, para que o vosso Pai que está no céu vos perdoe também as vossas ofensas. Porque, se não perdoardes, também o vosso Pai que está no Céu não perdoará as vossas ofensas.» 
 Comentário ao Evangelho do dia feito por 
Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano 
Sermão 46 (a partir da trad. Cervo 1980, t. 2, p. 24)
«Não está escrito: A Minha casa será chamada
casa de oração para todos os povos?
 Mas vós fizestes dela um covil de ladrões.»
Nosso Senhor entrou no Templo e expulsou todos os que compravam e vendiam, dizendo: «A Minha casa será chamada casa de oração. Mas vós fizestes dela um covil de ladrões». Que templo é este que se tornou um covil de ladrões? É a alma e o corpo do homem, que são muito mais o verdadeiro templo de Deus que todos os templos alguma vez edificados (I Cor 3, 17; 6, 19).
Quando Nosso Senhor quer vir a este templo, encontra-o transformado num covil de ladrões e numa feira de mercadores. Quem é o mercador? São os que dão o que têm – o seu livre arbítrio – por aquilo que não têm – as coisas deste mundo. O mundo está cheio desses mercadores! Tem-nos entre os padres e os leigos, entre os religiosos, monges e freiras. [...] Tanta gente tão cheia da sua própria vontade [...]; tanta gente que procura em tudo o seu próprio interesse. Pelo contrário, se quisessem fazer negócio com Deus, oferecendo-Lhe a sua vontade, que feliz negócio fariam!
O homem deve querer, deve seguir, deve procurar Deus em tudo o que faz; e quando tiver feito tudo – beber, dormir, comer, falar, ouvir –, deixe então completamente as imagens das coisas e esvazie o seu templo. Uma vez o templo esvaziado, uma vez expulso esse bando de vendedores, a imaginação que te estorva, poderás ser uma casa de Deus (Ef 2, 19). Terás então a paz e a alegria do coração, e mais nada te perturbará, nada do que agora te preocupa, te deprime e te faz sofrer.

Fontes: