sábado, 15 de maio de 2010

16 de Maio de 2010 – Domingo da Ascensão do Senhor



A Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final de um caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, em comunhão com Deus. Sugere, também, que Jesus nos deixou o testemunho e que somos agora nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.

O Evangelho apresenta-nos as palavras de despedida de Jesus que definem a missão dos discípulos no mundo. Faz, também, referência à alegria dos discípulos: essa alegria resulta do reconhecimento da presença no mundo do projeto salvador de Deus e resulta do fato de a ascensão de Jesus ter acrescentado à vida dos crentes um novo sentido.




Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projeto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo caminho de Jesus. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante, mas têm de ir para o meio dos homens para continuar o projeto de Jesus.


A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa esperança de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo "corpo" – e em comunhão com Cristo, a "cabeça" desse "corpo". Cristo reside nesse "corpo".
www.ecclesia.pt


Atos dos Apóstolos 1, 1-11

No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei as obras e os ensinamentos de Jesus, desde o princípio até ao dia em que, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao Céu A eles também apareceu vivo depois da sua paixão e deu-lhes disso numerosas provas com as suas aparições, durante quarenta dias, e falando-lhes também a respeito do Reino de Deus.
No decurso de uma refeição que partilhava com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem lá o Prometido do Pai, «do qual disse Ele me ouvistes falar. João batizava em água, mas, dentro de pouco tempo, vós sereis batizados no Espírito Santo.»
Estavam todos reunidos, quando lhe perguntaram: «Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?» Respondeu-lhes: «Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a sua autoridade. Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judéia e Samaria e até aos confins do mundo.» Dito isto, elevou-se à vista deles e uma nuvem subtraiu-o a seus olhos.
E como estavam com os olhos fixos no céu, para onde Jesus se afastava, surgiram de repente dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: «Homens da Galiléia, porque estais assim a olhar para o céu? Esse Jesus que vos foi arrebatado para o Céu virá da mesma maneira, como agora o vistes partir para o Céu.»

Salmos 47 (46), 2-3.6-7.8-9
Povos todos, batei palmas,
aclamai a Deus com brados de alegria,
porque o SENHOR, o Altíssimo, é temível;
Ele é o grande rei de toda a terra.
Deus subiu por entre aclamações,
o SENHOR subiu ao som da trombeta.
Cantai a Deus, cantai!
Cantai ao nosso rei, cantai!
Pois Deus é o rei de toda a terra,
cantai-lhe um poema de louvor!
Deus reina sobre as nações,
Deus está sentado no seu trono santo.

Efésios 1, 17-23
Rogo ao Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê um espírito de sabedoria que vos revele o conhecimento dele; que ilumine os olhos do vosso coração, para que compreendais a que esperança fostes chamados, quão rica e gloriosa é a herança que ele reserva aos santos, e qual a suprema grandeza de seu poder para conosco, que abraçamos a fé.
É o mesmo poder extraordinário que ele manifestou na pessoa de Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o sentar à sua direita no céu, acima de todo principado, potestade, virtude, dominação e de todo nome que possa haver neste mundo como no futuro E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o constituiu chefe supremo da Igreja, que é o seu corpo, o receptáculo daquele que enche todas as coisas sob todos os aspectos.

Evangelho segundo São Lucas 24, 46-53
E disse-lhes: «Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos, ao terceiro dia; que havia de ser anunciada, em seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas destas coisas.
E Eu vou mandar sobre vós o que meu Pai prometeu. Entretanto, permanecei na cidade até serdes revestidos com a força do Alto.»
Depois, levou-os até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, separou-se deles e elevava-se ao Céu. E eles, depois de se terem prostrado diante dele, voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo a bendizer a Deus.

 Comentário ao Evangelho do dia feito por 
Santo Agostinho (354-430),
bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja
Sermão de Maio, 98, 1, 2: PLS 2, 494-495
Já estamos com Ele
Hoje, Nosso Senhor Jesus Cristo elevou-Se ao céu; que o nosso coração se eleve com Ele. Ouçamos o que nos diz o apóstolo Paulo: «Portanto, já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus» (Col 3, 1).
Assim como Jesus Se elevou sem com isso Se afastar de nós, do mesmo modo nós estamos já com Ele apesar de a Sua promessa ainda não se ter realizado na nossa carne. Ele já foi elevado acima dos céus; contudo, sofre na terra todas as penas que nós, os Seus membros, sentimos. Disso deu testemunho quando exclamou do alto: «Saulo, Saulo, por que Me persegues?» (At 9, 4), e ainda: «Tive fome, e destes-Me de comer» (Mt 25, 35). Por que não trabalhamos na terra de modo a descansarmos, pela fé, pela esperança e pela caridade que nos unem a Ele, desde já com Ele no céu?
Ele, que está lá, está também conosco, e nós, que estamos aqui, estamos também com Ele. Ele pode fazê-lo devido à Sua divindade, ao Seu poder, ao Seu amor; e nós, se não o podemos fazer pela divindade, podemos fazê-lo pelo amor. Ele não abandonou o céu quando desceu até nós, e não nos abandonou quando subiu ao céu. [...] Permanece conosco, mesmo estando no alto, pois no-lo prometeu antes da Sua Ascensão, dizendo: «Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20).

Comentário ao Evangelho do dia feito por 
Concílio Vaticano II 
Decreto sobre o ecumenismo, 7-8 –
Copyright © Libreria Editrice Vaticana
«Para que todos sejam um só»
Não há verdadeiro ecumenismo sem conversão interior. É que os anseios de unidade nascem e amadurecem a partir da renovação da mente (Ef 4, 23), da abnegação de si mesmo e da libérrima efusão da caridade. [...] Lembrem-se todos os cristãos de que tanto melhor promoverão e até realizarão a união dos cristãos quanto mais se esforçarem por levar uma vida mais pura, de acordo com o Evangelho. Porque, quanto mais unidos estiverem em comunhão estreita com o Pai, o Verbo e o Espírito, tanto mais íntima e facilmente conseguirão aumentar a fraternidade mútua.
Esta conversão do coração e esta santidade de vida, juntamente com as orações particulares e públicas pela unidade dos cristãos, devem ser tidas como a alma de todo o movimento ecumênico e com razão podem ser chamadas ecumenismo espiritual. 
É coisa habitual entre os católicos reunirem-se freqüentemente para aquela oração pela unidade da Igreja que o próprio Salvador pediu ardentemente ao Pai, na vigília de Sua morte: «Que todos sejam um». Em algumas circunstâncias peculiares, como por ocasião das orações prescritas «pro unitate» em reuniões ecumênicas, é lícito e até desejável que os católicos se associem aos irmãos separados na oração. Tais preces comuns são certamente um meio muito eficaz para suplicar a unidade. São uma genuína manifestação dos vínculos pelos quais ainda estão unidos os católicos com os irmãos separados: «Onde dois ou três estão congregados em Meu nome, ali estou Eu no meio deles» (Mt. 18, 20).

Fontes:

Nenhum comentário:

Postar um comentário