sábado, 30 de janeiro de 2010

31 de Janeiro de 2010 – Quarto Domingo do Tempo Comum

O tema da liturgia deste Domingo convida a refletir sobre o "caminho do profeta": caminho de sofrimento, de solidão, de risco, mas também caminho de paz e de esperança, porque é um caminho onde Deus está. A liturgia de hoje assegura ao "profeta" que a última palavra será sempre de Deus: "Não temas, porque eu estou contigo para te salvar".
A primeira leitura apresenta a figura do profeta Jeremias. Escolhido, consagrado e constituído profeta por Javé, Jeremias vai arrostar com todo o tipo de dificuldades; mas não desistirá de concretizar a sua missão e de tornar uma realidade viva no meio dos homens a Palavra de Deus.
O Evangelho apresenta-nos o profeta Jesus, desprezado pelos habitantes de Nazaré (eles esperavam um messias espetacular e não entenderam a proposta profética de Jesus). O episódio anuncia a rejeição de Jesus pelos judeus e o anúncio da Boa Nova a todos os que estiverem dispostos a acolhê-la - sejam pagãos ou judeus.
A segunda leitura parece um tanto desenquadrada desta temática: fala do amor - o amor desinteressado e gratuito - apresentando-o como a essência da vida cristã. Pode, no entanto, ser entendido como um aviso ao "profeta" no sentido de se deixar guiar pelo amor e nunca pelo próprio interesse... Só assim a sua missão fará sentido.

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Jeremias 1,4-5.17-19
A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: «Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta das nações. 
Tu, porém, cinge os teus rins, levanta-te e diz-lhes tudo o que Eu te ordenar. Não temas diante deles; se não, serei Eu a fazer-te temer na sua presença. E eis que hoje te estabeleço como cidade fortificada, como coluna de ferro e muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e de seus chefes, dos sacerdotes e do povo da terra. Far-te-ão guerra, mas não hão de vencer, porque Eu estou contigo para te salvar» – oráculo do Senhor. 

Salmos 71 (70), 1-6.15.17
É em vós, Senhor, que procuro meu refúgio; que minha esperança não seja para sempre confundida.
Por vossa justiça, livrai-me, libertai-me; inclinai para mim vossos ouvidos e salvai-me.
Sede-me uma rocha protetora, uma cidadela forte para me abrigar: e vós me salvareis,
porque sois meu rochedo e minha fortaleza.
Meu Deus, livrai-me da mãos do iníquo, das garras do inimigo e do opressor,
porque vós sois, ó meu Deus, minha esperança. Senhor, desde a juventude vós sois minha confiança.
Em vós eu me apoiei desde que nasci, desde o seio materno sois meu protetor; em vós eu sempre esperei.
Minha boca proclamará vossa justiça e vossos auxílios de todos os dias, sem poder enumerá-los todos.
Vós me tendes instruído, ó Deus, desde minha juventude, e até hoje publico as vossas maravilhas.

I Coríntios 12, 31.13,1-13
Aspirai, porém, aos melhores dons. Aliás, vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros. Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine. 
Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas, se não tiver amor, nada sou. Ainda que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita. 
O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 
O amor jamais passará. As profecias terão o seu fim, o dom das línguas terminará e a ciência vai ser inútil. Pois o nosso conhecimento é imperfeito e também imperfeita é a nossa profecia. Mas, quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. 
Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Mas, quando me tornei homem, deixei o que era próprio de criança. Agora, vemos como num espelho, de maneira confusa; depois, veremos face a face. Agora, conheço de modo imperfeito; depois, conhecerei como sou conhecido. Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor; mas a maior de todas é o amor. 

Evangelho segundo São Lucas 4, 21-30
Começou, então, a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir.» Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam com as palavras repletas de graça que saíam da sua boca. Diziam: «Não é este o filho de José?» 
Disse-lhes, então: «Certamente, ides citar-me o provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo.' Tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum, farás também aqui na tua terra.» Acrescentou, depois: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria. 
Posso assegurar-vos, também, que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas sim a uma viúva que vivia em Sarepta de Sídon. Havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi purificado senão o sírio Naaman.» 
Ao ouvirem estas palavras, todos, na sinagoga, se encheram de furor. E, erguendo-se, lançaram-no fora da cidade e levaram-no ao cimo do monte sobre o qual a cidade estava edificada, a fim de o precipitarem dali abaixo. Mas, passando pelo meio deles, Jesus seguiu o seu caminho. 


Comentário ao Evangelho do dia feito por 
São Cirilo de Alexandria (380-444), Bispo e Doutor da Igreja 
Sobre o Profeta Isaías, 5, 5; PG 70, 1352-1353 (a partir da trad. de Delhougne, Les Pères commentent, p. 394)
Assim «renovas a face da terra» (Sl 103, 30)
Cristo quis trazer a Si o mundo inteiro e conduzir a Deus Pai todos os habitantes da terra. Quis restabelecer todas as coisas num estado melhor e renovar, por assim dizer, a face da terra. Eis por que, mesmo sendo o Senhor do Universo, tomou «a condição de servo» (Fil 2, 7). Por isso, anunciou a Boa Nova aos pobres, afirmando que tinha sido enviado com esse objetivo (Lc 4, 18).
Os pobres, ou antes, as pessoas que podemos considerar como pobres, são as que sofrem por se verem privadas de todo o bem, as «sem esperança e sem Deus no mundo» (Ef 2, 12), como diz a Escritura. São, parece-nos, as pessoas vindas do paganismo e que, enriquecidas pela fé em Cristo, beneficiaram deste tesouro divino: a proclamação que trouxe a Salvação. Por ela, tornaram-se participantes do Reino dos céus e concidadãos dos santos, herdeiros das realidades que o homem não pode compreender nem exprimir – daquilo que, segundo o apóstolo Paulo, «os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que O amam» (I Cor 2, 9). [...]
Também os descendentes de Israel tinham o coração ferido, eram pobres e como que prisioneiros, estavam cheios de trevas. [...] Cristo veio anunciar os benefícios da Sua vinda precisamente aos descendentes de Israel, antes dos outros, e ao mesmo tempo proclamar o ano da graça do Senhor (Lc 4, 19) e o dia da recompensa.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&localdate=20100131&id=86&fd=1
http://www.douranet.com.br/biblia/
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=readings&localdate=20100131
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=commentary&localdate=20100131
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=53505&language=PT&img=&sz=full
http://www.fond-ecran-image.com/galerie-membre,ecureuil,copie-de-dsc-2380jpg.php
http://www.fond-ecran-image.com/galerie-membre,oiseau-canard,p6270038-3jpg.php

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