domingo, 3 de outubro de 2010

03 de Outubro de 2010 – Vigésimo Sétimo Domingo do Tempo Comum (III Semana do Saltério)


Na Palavra de Deus que hoje nos é proposta, cruzam-se vários temas (a fé, a salvação, a radicalidade do “caminho do Reino” etc.); mas sobressai a reflexão sobre a atitude correta que o homem deve assumir face a Deus. As leituras convidam-nos a reconhecer, com humildade, a nossa pequenez e finitude, a comprometer-nos com o “Reino” sem cálculos nem exigências, a acolher com gratidão os dons de Deus e a entregar-nos confiantes nas suas mãos.
Na Primeira Leitura, o profeta Habacuc interpela Deus, convoca-o para intervir no mundo e para pôr fim à violência, à injustiça, ao pecado… Deus, em resposta, confirma a sua intenção de atuar no mundo, no sentido de destruir a morte e a opressão; mas dá a entender que só o fará quando for o momento oportuno, de acordo com o seu projeto; ao homem, resta confiar e esperar pacientemente o “tempo de Deus”.
A segunda leitura convida os discípulos a renovar cada dia o seu compromisso com Jesus Cristo e com o “Reino”. De forma especial, o autor exorta os animadores cristãos a que conduzam com fortaleza, com equilíbrio e com amor as comunidades que lhes foram confiadas e a que defendam sempre a verdade do Evangelho.
O Evangelho convida os discípulos a aderir, com coragem e radicalidade, a esse projeto de vida que, em Jesus, Deus veio oferecer ao homem… A essa adesão chama-se “fé”; e dela depende a instauração do “Reino” no mundo. Os discípulos, comprometidos com a construção do “Reino” devem, no entanto, ter consciência de que não agem por si próprios; eles são, apenas, instrumentos através dos quais Deus realiza a salvação. Resta-lhes cumprir o seu papel com humildade e gratuidade, como “servos que apenas fizeram o que deviam fazer”.


Habacuc 1, 2-3; 2, 2-4
Até quando, Senhor, pedirei socorro, sem que me escutes? Até quando clamarei: «Violência!», sem que me salves? Por que me fazes ver a iniqüidade e contemplar a desgraça? Diante de mim só vejo opressão e violência, nada mais do que discórdias e contendas.
Então o Senhor respondeu-me: «Escreve a visão, grava-a em tabuinhas, para que possa ser lida facilmente. Porque é uma visão para um tempo fixado: ela aspira pelo seu termo e não falhará. Se tardar, espera por ela igualmente; que ela cumprir-se-á, com toda a certeza não falhará. Eis que sucumbe o que não tem a alma reta, mas o justo viverá pela sua fidelidade.»

Salmos 95 (94), 1-2.6-9
Vinde, exultemos de alegria no SENHOR,
aclamemos o rochedo da nossa salvação.
Vamos à sua presença com hinos de louvor,
saudemo-lo com cânticos jubilosos.
Vinde, prostremo-nos por terra,
ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou.
Ele é o nosso Deus e nós somos o seu povo,
as ovelhas por Ele conduzidas.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
"Não endureçais os vossos corações, como em Meriba,
como no dia de Massa, no deserto,
quando os vossos pais me provocaram e me puseram à prova,
apesar de terem visto as minhas obras.”

 II Timóteo 1, 6-8.13-14
Por isso recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos, pois Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso. Portanto, não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus.
Toma como modelo as sãs palavras que ouviste de mim, na fé e no amor de Cristo Jesus. Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado.

Evangelho segundo São Lucas 17, 5-10
Os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé.» O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a essa amoreira: 'Arranca-te daí e planta-te no mar', e ela havia de obedecer-vos. Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, quando ele regressar do campo: 'Vem cá depressa e senta-te à mesa'? Não lhe dirá antes: 'Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, enquanto eu como e bebo; depois, comerás e beberás tu'? Deve estar grato ao servo por ter feito o que lhe mandou?
Assim, também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: 'Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer.'»

Comentário ao Evangelho do dia feito por 
Papa Bento XVI Encíclica «Deus caritas est», § 35 
(trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana)
«Somos servos inúteis»
Este modo justo de servir torna humilde o agente. Este não assume uma posição de superioridade face ao outro, por mais miserável que possa ser de momento a sua situação. Cristo ocupou o último lugar no mundo — a cruz — e, precisamente com esta humildade radical, redimiu-nos e ajuda-nos sem cessar. Quem se acha em condições de ajudar há de reconhecer que, precisamente deste modo, é também ele próprio ajudado; não é mérito seu nem título de glória o fato de poder ajudar. Esta tarefa é graça.
Quanto mais alguém trabalhar pelos outros, tanto melhor compreenderá e assumirá como própria esta palavra de Cristo: «Somos servos inúteis» (Lc 17, 10). Na realidade, essa pessoa reconhece que age, não em virtude de uma superioridade ou de uma maior eficiência pessoal, mas porque o Senhor lhe concedeu este dom. Às vezes, a excessiva vastidão das necessidades e as limitações do próprio agir poderão expô-lo à tentação do desânimo. Mas é precisamente então que lhe serve de ajuda saber que, em última instância, não passa de um instrumento nas mãos do Senhor; libertar-se-á assim da presunção de ter de realizar, pessoalmente e sozinha, o necessário melhoramento do mundo. Com humildade, fará o que lhe for possível realizar e, com humildade, confiará o resto ao Senhor. É Deus quem governa o mundo, não nós.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&localdate=20101003&id=132&fd=1
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=readings&localdate=20101003

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