segunda-feira, 29 de março de 2010

30 de Março de 2010 - Terça-feira da Semana Santa

Isaías 49, 1-6
«Ouvi-me, habitantes das ilhas, prestai atenção, povos de longe. Quando ainda estava no ventre materno, o SENHOR chamou-me, quando ainda estava no seio da minha mãe, pronunciou o meu nome. Fez da minha palavra uma espada afiada, escondeu-me na concha da sua mão. Fez da minha mensagem uma seta penetrante, guardou-me na sua aljava. Disse-me: ‘Israel, tu és o meu servo, em ti serei glorificado.’
Eu dizia a mim mesmo: ‘Em vão me cansei, em vento e em nada gastei as minhas forças.’ Porém, o meu direito está nas mãos do SENHOR, e no meu Deus a minha recompensa. E agora o SENHOR declara-me que me formou desde o ventre materno, para ser o seu servo, para lhe reconduzir Jacó, e para lhe congregar Israel. Assim me honrou o SENHOR. O meu Deus tornou-se a minha força. 
Disse-me: ‘Não basta que sejas meu servo, só para restaurares as tribos de Jacó, e reunires os sobreviventes de Israel. Vou fazer de ti luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra.’» 

Salmos 71 (70), 1-6.15.17
É em vós, Senhor, que procuro meu refúgio;
que minha esperança não seja para sempre confundida.
Por vossa justiça, livrai-me, libertai-me;
inclinai para mim vossos ouvidos e salvai-me.
Sede-me uma rocha protetora, uma cidadela forte para me abrigar:
e vós me salvareis, porque sois meu rochedo e minha fortaleza.
Meu Deus, livrai-me da mãos do iníquo,
das garras do inimigo e do opressor,
porque vós sois, ó meu Deus, minha esperança. Senhor,
desde a juventude vós sois minha confiança.
Em vós eu me apoiei desde que nasci,
desde o seio materno sois meu protetor;
em vós eu sempre esperei.
Minha boca proclamará vossa justiça
e vossos auxílios de todos os dias,
sem poder enumerá-los todos.
Vós me tendes instruído, ó Deus, desde minha juventude,
e até hoje publico as vossas maravilhas.

Evangelho segundo São João 13, 21-33.36-38
Tendo dito isto, Jesus perturbou-se interiormente e declarou: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há de entregar!» Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saberem a quem se referia. 
Um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa reclinado no seu peito. Simão Pedro fez-lhe sinal para que lhe perguntasse a quem se referia. Então ele, apoiando-se naturalmente sobre o peito de Jesus, perguntou: «Senhor, quem é?» Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado de pão ensopado.» E molhando o bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 
E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Jesus disse-lhe, então: «O que tens a fazer faça-o depressa.» Nenhum dos que estavam com Ele à mesa entendeu, porém, com que fim lho dissera. Alguns pensavam que, como Judas tinha a bolsa, Jesus lhe tinha dito: 'Compra o que precisamos para a Festa', ou que desse alguma coisa aos pobres. Tendo tomado o bocado de pão, saiu logo. Fazia-se noite. 
Depois de Judas ter saído, Jesus disse: «Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele a glória de Deus. E, se Deus revela nele a sua glória, também o próprio Deus revelará a glória do Filho do Homem, e há de revelá-la muito em breve.» 
«Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco. Haveis de me procurar, e, assim como Eu disse aos judeus: 'Para onde Eu for vós não podereis ir', também agora o digo a vós.» Disse-lhe Simão Pedro: «Senhor, para onde vais?» Jesus respondeu-lhe: «Para onde Eu vou, tu não me podes seguir por agora; hás de seguir-me mais tarde.» Disse-lhe Pedro: «Senhor, porque não posso seguir-te agora? Eu daria a vida por ti!» Replicou Jesus: «Darias a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: não cantará o galo, antes de me teres negado três vezes!» 

 Comentário ao Evangelho do dia feito por
Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja 
Sermões sobre o Evangelho de São João, 62, 63 (a partir da trad. En Calcat rev.)
«Molhando um bocado de pão, 
deu-o a Judas»
Quando o Senhor, Pão da Vida (Jo 6, 35), deu pão a este homem morto e marcado, entregando a quem traía o pão vivo, disse-lhe: «O que tens a fazer, faça-o depressa». Não ordenava o crime; descobria o mal em Judas, e anunciava-nos o nosso bem. O fato de Cristo ser entregue não terá sido o pior para Judas e o melhor para nós? Por conseguinte, Judas prejudica-se, beneficiando-nos sem o saber.
«O que tens a fazer, faça-o depressa.» Palavras de um homem que está pronto, não de um homem irritado. Palavras que não anunciam a punição de quem trai, mas a recompensa do Redentor, Daquele que resgata. Ao dizer: «O que tens a fazer, faça-o depressa», Cristo, mais que condenar o crime de infidelidade, procura apressar a salvação dos crentes. «Foi entregue por causa das nossas faltas; como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela» (Rm 4, 25; Ef 5, 25). É isso que leva o apóstolo Paulo a dizer: «Amou-me e a Si mesmo Se entregou por mim» (Gl 2, 20). De fato, ninguém entregava Cristo se Ele mesmo não Se tivesse entregado. [...] Quando Judas O trai, é Cristo que Se entrega; um negocia a sua venda, o Outro o nosso resgate. «O que tens a fazer, fá-lo depressa»: não que tenhas poder para tal, mas porque é a vontade Daquele que pode tudo. [...]
«Tendo tomado o bocado de pão, saiu logo. Fazia-se noite». E aquele que saía era a noite. Então, quando a noite saiu, Jesus disse: «Agora o Filho do Homem foi glorificado!» «Um dia passa ao outro esta mensagem» (Sl 18, 3), ou seja, Cristo confiou-Se aos Seus discípulos para que O escutassem e O seguissem no amor. [...] Algo de semelhante acontecerá quando este mundo, vencido por Cristo, acabar. Então, o joio deixará de se misturar com o trigo, «então, os justos resplandecerão como o Sol, no Reino de seu Pai» (Mt 13, 43).

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