terça-feira, 23 de março de 2010

24 de Março de 2010 - Quarta-feira da 5ª Semana da Quaresma

Daniel 3, 14-20.91-92.95
Disse-lhes Nabucodonosor: «Sidrac, Misac e Abdênago, é verdade que rejeitais o culto aos meus deuses e a adoração à estátua de ouro erigida por mim? Pois bem! Estais dispostos, no momento em que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da cítara, da lira, da harpa, do saltério e de qualquer outro instrumento musical, a prostrar-vos em adoração diante da estátua que eu fiz? Se não o fizerdes, sereis logo lançados dentro da fornalha ardente. E qual o deus que poderá libertar-vos da minha mão?» 
Sidrac, Misac e Abdênago responderam ao rei Nabucodonosor: «Não vale a pena responder-te a propósito disto. Se isso assim é, o Deus a Quem nós servimos pode livrar-nos da fornalha incandescente, e até mesmo, ó rei, da tua mão. E ainda que o não faça, fica sabendo, ó rei, que não prestamos culto aos teus deuses e que não adoramos a estátua de ouro que tu levantaste.» 
Então explodiu a fúria de Nabucodonosor contra Sidrac, Misac e Abdênago; a expressão do seu rosto mudou e levantou a voz para mandar que se aquecesse a fornalha sete vezes mais que de costume. Em seguida, ordenou aos soldados mais vigorosos do seu exército que amarrassem Sidrac, Misac e Abdênago, a fim de os lançar na fornalha incandescente. 
Então o rei Nabucodonosor, estupefato, levantou-se repentinamente, dizendo para os seus conselheiros: «Não foram três homens, atados de pés e mãos, que lançamos ao fogo?» Responderam eles ao rei: «Com certeza». «Pois bem – replicou o rei – vejo quatro homens soltos, que passeiam no meio do fogo, sem este lhes causar mal; o quarto tem o aspecto de um filho de Deus.» 
Nabucodonosor, tomando a palavra, disse: «Bendito seja o Deus de Sidrac, de Misac e de Abdênago! Ele enviou o seu anjo para libertar os seus servos que, confiando nele, expuseram a vida, transgredindo as ordens do rei, antes que prostrarem-se em adoração diante de um outro deus que não fosse o Deus deles.» 

Daniel 3, 52-56
«Bendito sejas, Senhor, Deus de nossos pais: – digno de louvor e glória eternamente!
Bendito seja o teu nome santo e glorioso: – digno de supremo louvor e exaltação eternamente! 
Bendito sejas no templo da tua santa glória: – digno de supremo louvor e glória eternamente! 
Bendito sejas por penetrares os abismos,
sentado sobre os querubins: – digno de supremo louvor e exaltação eternamente! 
Bendito sejas no teu trono real: – digno de supremo louvor e exaltação eternamente! 
Bendito sejas no firmamento dos céus: – digno de supremo louvor e glória eternamente!» 

Evangelho segundo São João 8, 31-42
Então, Jesus pôs-se a dizer aos judeus que nele tinham acreditado: «Se permanecerdes fiéis à minha mensagem, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» 
Replicaram-lhe: «Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém! Como é que Tu dizes: 'Sereis livres'?» 
Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: todo aquele que comete o pecado é servo do pecado, e o servo não fica na família para sempre; o filho é que fica para sempre. Pois bem, se o Filho vos libertar, sereis realmente livres. Eu sei que sois descendentes de Abraão; no entanto, procurais matar-me, porque não aderis à minha palavra. Eu comunico o que vi junto do Pai, e vós fazeis o que ouvistes ao vosso pai.» 
Eles replicaram-lhe: «O nosso pai é Abraão!» Jesus disse-lhes: «Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão! Agora, porém, vós pretendeis matar-me, a mim, um homem que vos comunicou a verdade que recebi de Deus. Isso não o fez Abraão! Vós fazeis as obras do vosso pai.» Eles disseram-lhe, então: «Nós não nascemos da prostituição. Temos um só Pai, que é Deus.» 
Disse-lhes Jesus: «Se Deus fosse vosso Pai, ter-me-íeis amor, pois é de Deus que Eu saí e vim. Não vim de mim próprio, mas foi Ele que me enviou. » 

 Comentário ao Evangelho do dia feito por 
Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo 
Homilias sobre o Êxodo, n° 8 (a partir da trad. Sr Isabelle de la Source, Lire la Bible, t. 2, p. 174)
«Se permanecerdes fiéis à Minha palavra, sereis realmente Meus discípulos;
 então conhecereis a verdade, e a verdade tornar-vos-á livres»
«Eu sou o Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão» (Ex 20, 2). Estas palavras não se dirigem apenas aos que já saíram do Egito; dirigem-se sobretudo a ti que as ouves agora, se quiseres sair do Egito. [...] Reflete, pois: as coisas deste mundo e as ações da carne não serão essa casa de servidão e, ao contrário, a fuga às coisas deste mundo e a vida segundo Deus não serão a casa da liberdade, conforme o que o Senhor diz no Evangelho: «Se permanecerdes na Minha palavra, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres»?
Sim, o Egito é a casa de servidão; Jerusalém e a Judéia são a casa da liberdade. Escuta o que o Apóstolo Paulo declara a este respeito [...]: «A Jerusalém que é do alto é livre; é a mãe de todos nós» (Gal 4, 26). E, da mesma forma que o Egito, esta província terrestre, é chamada «casa de servidão» para os filhos de Israel relativamente a Jerusalém e à Judéia, que são para eles a casa da liberdade, assim também, relativamente à Jerusalém celeste que é, pode-se dizer, a mãe da liberdade, o mundo inteiro, com tudo o que ele contém, é uma casa de servidão. Houve outrora, para castigo do pecado, uma passagem do paraíso da liberdade à servidão deste mundo [...]; por isso a primeira palavra dos mandamentos de Deus diz respeito à liberdade: «Eu sou o Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão».

Fontes:

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