sexta-feira, 19 de março de 2010

20 de Março de 2010 - Sábado da 4ª Semana da Quaresma

Jeremias 11, 18-20
O Senhor instruiu-me e eu entendi. E então vi com clareza o seu proceder para comigo. E eu, como manso cordeiro conduzido ao matadouro, ignorava as maquinações tramadas contra mim, dizendo: «Destruamos a árvore no seu vigor; arranquemo-la da terra dos vivos, que o seu nome caia no esquecimento.» 
Mas o Senhor do universo, justo juiz, sonda os rins e o coração. Que eu seja testemunha da tua vingança sobre eles, pois a ti confio a minha causa. 

Salmos 7, 2-3.9-10.11-12
SENHOR, meu Deus, a ti me confio; livra-me de todos os que me perseguem e salva-me.
Que não me arrebatem como o leão e me dilacerem, sem que ninguém me valha.
O SENHOR julga os povos; julga-me, então, SENHOR,
segundo o meu direito e segundo a minha inocência.
Peço-te: acaba com a malícia dos ímpios; fortalece os que são justos,
Tu, que perscrutas o íntimo dos corações, ó Deus de justiça!
A minha proteção está em Deus, que salva os de coração sincero.
Deus é um justo juiz, que, a todo o momento, pode castigar.

Evangelho segundo São João 7, 40-53
Então, entre a multidão de pessoas que escutaram estas palavras, dizia-se: «Ele é realmente o Profeta.» Diziam outros: «É o Messias.» Outros, porém, replicavam: «Mas pode lá ser que o Messias venha da Galiléia? Não diz a Escritura que o Messias vem da descendência de Davi e da cidade de Belém, donde era Davi?» Deste modo, estabeleceu-se um desacordo entre a multidão, por sua causa. Alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe deitou a mão. 
Depois os guardas voltaram aos sumos sacerdotes e aos fariseus, que lhes perguntaram: «Por que é que não o trouxestes?» Os guardas responderam: «Nunca nenhum homem falou assim!» Replicaram-lhes os fariseus: «Será que também vós ficastes seduzidos? Porventura acreditou nele algum dos chefes, ou dos fariseus? Mas essa multidão, que não conhece a Lei, é gente maldita!» 
Nicodemos, aquele que antes fora ter com Jesus e que era um deles, disse-lhes: «Porventura permite a nossa Lei julgar um homem, sem antes o ouvir e sem averiguar o que ele anda a fazer?» Responderam-lhe eles: «Também tu és galileu? Investiga e verás que da Galiléia não sairá nenhum profeta.» E cada um foi para sua casa. 

 Comentário ao Evangelho do dia feito por 
Orígenes 185-253), presbítero e teólogo 
Tratado dos príncipes, livro 2, cap. 6, 2: PG 11, 210-211 (a partir da trad. Orval)
«Ninguém Lhe deitou a mão»
Encontramos em Cristo características tão humanas, que não têm nada que as distinga da fraqueza comum a nós, os mortais, e ao mesmo tempo características tão divinas, que só podem pertencer à soberana natureza divina. Perante isto, a inteligência humana, demasiado restrita, sente uma admiração tão grande, que não sabe o que pensar nem que direção tomar. Pressente Deus em Cristo, mas no entanto O vê morrer. Toma-O por homem, e eis que Ele ressuscita dos mortos com o Seu espólio de vitória, após ter destruído o império da morte. Deste modo, a nossa contemplação deve ser exercida com muita reverência e temor, no sentido em que considera no mesmo Jesus a verdade das duas naturezas, evitando atribuir à inefável essência divina coisas que são indignas dela e que não lhe pertencem, mas também evitando ver nos acontecimentos da História apenas aparências ilusórias.
Na verdade, fazer com que os ouvidos humanos ouçam estas coisas, tentar exprimi-las por palavras, ultrapassa largamente as nossas forças, o nosso talento e a nossa linguagem. Penso mesmo que ultrapassa a medida dos apóstolos. Mais, a explicação deste mistério transcende provavelmente toda a ordem dos poderes angélicos.

Fontes:

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