segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Quarta-feira de Cinzas, 17 de Fevereiro de 2010 - Início do Tempo da Quaresma

Com a imposição das cinzas, inicia-se uma estação espiritual particularmente relevante para todo cristão que quer preparar-se dignamente para viver o Mistério Pascal, quer dizer, a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus.
Este tempo vigoroso do Ano Litúrgico caracteriza-se pela mensagem bíblica que pode ser resumida em uma palavra: "metanoeiete", que quer dizer "Convertei-vos". Este imperativo é proposto à mente dos fiéis mediante o austero rito da imposição das cinzas, o qual, com as palavras "Convertei-vos e crede no Evangelho" e com a expressão "Lembra-te de que és pó e para o pó voltarás", convida a todos a refletir sobre o dever da conversão, recordando a inexorável caducidade e efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte.
A sugestiva cerimônia das cinzas eleva nossas mentes à realidade eterna que não passa jamais, a Deus; princípio e fim, alfa e ômega de nossa existência. A conversão não é, com efeito, nada mais que um voltar a Deus, valorizando as realidades terrenas sob a luz indefectível de sua verdade. Uma valorização que implica uma consciência cada vez mais diáfana do fato de que estamos de passagem neste fadigoso itinerário sobre a terra, e que nos impulsiona e estimula a trabalhar até o final, a fim de que o Reino de Deus se instaure dentro de nós e triunfe em sua justiça.
Sinônimo de "conversão", é assim mesmo a palavra "penitência"... Penitência como mudança de mentalidade. Penitência como expressão de livre e positivo esforço no seguimento de Cristo. 

Tradição
Na Igreja primitiva, variava a duração da Quaresma, mas normalmente começava seis semanas (42 dias) antes da Páscoa. Isto dava por resultado apenas 36 dias de jejum (já que se excluem os domingos). No século VII, foram acrescentados quatro dias antes do primeiro domingo da Quaresma estabelecendo os quarenta dias de jejum, para imitar o jejum de Cristo no deserto.
Era prática comum em Roma que os penitentes começassem a sua penitência pública no primeiro dia da Quaresma. Eles eram salpicados com cinzas, vestidos com um saial e obrigados a manter-se longe até que se reconciliassem com a Igreja na Quinta-feira Santa. Quando estas práticas caíram em desuso (do século VIII ao X), o início da temporada penitencial da Quaresma passou a ser simbolizada colocando cinzas nas cabeças de toda a assembléia.
Hoje em dia na Igreja, na Quarta-feira de Cinzas, o cristão recebe uma cruz na fronte com as cinzas obtidas da queima das palmas usadas no Domingo de Ramos do ano anterior. Esta tradição da Igreja continua ainda hoje como um simples rito em algumas Igrejas protestantes, como a anglicana e a luterana. A Igreja Ortodoxa começa a Quaresma na segunda-feira anterior e não celebra a Quarta-feira de Cinzas.

Cf. www.aci.digital

Joel 2, 12-18

Mas agora, diz o Senhor, convertei-vos a mim de todo o vosso coração com jejuns, com lágrimas, com gemidos. Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes, convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia. 
Quem sabe? Talvez Ele mude de idéia e volte atrás, deixando, ao passar, alguma bênção, para oferenda e libação ao Senhor vosso Deus! 
Tocai a trombeta em Sião, ordenai um jejum, proclamai uma reunião sagrada. Reuni o povo, purificai a assembléia, juntai os anciãos, congregai os pequeninos e os meninos de peito. Saia o esposo dos seus aposentos e a esposa do seu tálamo nupcial. 
Entre o pórtico e o altar chorem os sacerdotes, e digam os ministros do Senhor: «Tem piedade do teu povo, Senhor, não transformes em ignomínia a tua herança, para que ela não se torne o escárnio dos povos! Porque diriam: ‘Onde está o seu Deus?’» 
O Senhor encheu-se de zelo pelo seu país e teve compaixão do seu povo. 

Salmos 51 (50), 3-4.5-6.12-13.14.17
Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade; 
pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.
Lava-me de toda a iniqüidade; purifica-me dos meus delitos.
Reconheço as minhas culpas e tenho sempre diante de mim os meus pecados.
Contra ti pequei, só contra ti, fiz o mal diante dos teus olhos; 
por isso é justa a tua sentença e reto o teu julgamento.
Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova e dá firmeza ao meu espírito.
Não me afastes da tua presença, nem me prives do teu santo espírito!
Dá-me de novo a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito generoso.
Abre Senhor, os meus lábios, para que a minha boca possa anunciar o teu louvor.

II Coríntios 5, 20-21.6,1-2
É em nome de Cristo, portanto, que exercemos as funções de embaixadores e é Deus quem, por nosso intermédio, vos exorta. Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus. 
Aquele que não havia conhecido o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nos tornássemos, nele, justiça de Deus. E como seus colaboradores, exortamo-vos a não receber em vão a graça de Deus. 
Pois Ele diz: No tempo favorável, ouvi-te e, no dia da salvação, vim em teu auxílio. É este o tempo favorável, é este o dia da salvação. 

Evangelho segundo São Mateus 6, 1-6.16-18
«Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para vos tornardes notados por eles; de outro modo, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está no Céu. 
Quando, pois, deres esmola, não permitas que toquem trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. 
Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua direita, a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e teu Pai, que vê o oculto, há de premiar-te. 
Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar de pé nas sinagogas e nos cantos das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. 
Tu, porém, quando orares, entra no quarto mais secreto e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois Ele, que vê o oculto, há de recompensar-te. 
E, quando jejuardes, não mostreis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto para que os outros vejam que eles jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. 
Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que o teu jejum não seja conhecido dos homens, mas apenas do teu Pai que está presente no oculto; e o teu Pai, que vê no oculto, há de recompensar-te.» 

Comentário ao Evangelho do dia, por 
São Leão Magno (? – c. 461), 
Papa e Doutor da Igreja 
IV Sermão para a Quaresma, 1-2 
(a partir da trad. SC 49 bis, p. 101 rev.)
«Este é o tempo favorável, 
este é o dia da salvação» (2 Cor 6, 2)
«Este é o dia da salvação!» É certo que não há período nenhum que não esteja cheia de dons divinos; a graças de Deus proporciona-nos, em todo o tempo, o acesso à Sua misericórdia. Contudo, é nesta época que todos os corações devem ser estimulados ainda com mais ardor ao seu progresso espiritual, e animados com mais confiança, porque o dia em que fomos resgatados convida-nos a praticar todas as obras espirituais. Celebremos pois, de corpo e alma purificados, o mistério que ultrapassa todos os outros: o sacramento da Páscoa do Senhor. [...]
Tais mistérios requerem de nós um esforço espiritual sem quebras [...], para que permaneçamos sempre sob o olhar de Deus; é assim que nos deve encontrar a festa da Páscoa. Mas esta força espiritual cabe apenas a um pequeno número de homens; para nós, que nos encontramos no meio das atividades desta vida, devido à fraqueza da carne, o zelo abranda. [...] Para conferir pureza às nossas almas, o Senhor previu, pois, o remédio de um treino de quarenta dia, no decurso dos quais as nossas faltas de outros tempos possam ser resgatadas pelas boas obras e consumidas por santos jejuns [...]. Tenhamos, pois, o cuidado de obedecer ao Apóstolo Paulo: «Purificai-vos de toda a mancha da carne e do espírito» (Cor 7, 1).
Mas que a nossa maneira de viver esteja de acordo com a nossa abstinência. O jejum não consiste apenas na abstenção de alimentos; de nada aproveita subtrair os alimentos ao corpo, se o coração se não desviar da injustiça, se a língua se não abstiver da calúnia [...]. Este é um tempo de doçura, de paciência, de paz [...]; uma altura em que a alma forte se habitua a perdoar as injustiças, a contar em nada as afrontas, a esquecer as injúrias [...]. Mas que a moderação espiritual não seja triste; que seja santa. Que não se ouça o murmúrio das queixas, porque àqueles que assim vivem nunca faltará o consolo das santas alegrias.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&localdate=20100217&id=90&fd=1
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=readings&localdate=20100217
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=commentary&localdate=20100217
http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=21958&language=PT&img=&sz=full

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