sábado, 20 de fevereiro de 2010

21 de Fevereiro de 2010 - 1º Domingo da Quaresma (Semana I do Saltério)


No início da Quaresma, a Palavra de Deus apela-nos a repensar as nossas opções de vida e a tomar consciência dessas "tentações" que nos impedem de renascer para a vida nova, para a vida de Deus.
A primeira leitura convida-nos a eliminar os falsos deuses em quem às vezes apostamos tudo e a fazer de Deus a nossa referência fundamental. Alerta-nos, na mesma lógica, contra a tentação do orgulho e da auto-suficiência, que nos levam a caminhos de egoísmo e de desumanidade, de desgraça e de morte.
O Evangelho apresenta-nos uma catequese sobre as opções de Jesus. Lucas sugere que Jesus recusou radicalmente um caminho de materialismo, de poder, de êxito fácil, pois o plano de Deus não passava pelo egoísmo, mas pela partilha; não passava pelo autoritarismo, mas pelo serviço; não passava por manifestações espetaculares que impressionam as massas, mas por uma proposta de vida plena, apresentada com simplicidade e amor. É claro que é esse caminho que é sugerido aos que seguem Jesus.
A segunda leitura convida-nos a prescindir de uma atitude arrogante e auto-suficiente em relação à salvação que Deus nos oferece: a salvação não é uma conquista nossa, mas um dom gratuito de Deus. É preciso, pois, converter-se a Jesus, isto é, reconhecê-lo como o Senhor e acolher no coração a salvação que, em Jesus, Deus nos propõe.
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Deuteronômio 26, 4-10
O sacerdote receberá o cesto da tua mão e o depositará diante do altar do Senhor, teu Deus. Proclamarás, então, em voz alta, diante do Senhor, teu Deus: “Meu pai era um arameu errante: desceu ao Egito com um pequeno número e ali viveu como estrangeiro, mas depois tornou-se um povo forte e numeroso. Então os egípcios maltrataram-nos, oprimindo-nos e impondo-nos dura escravidão. 
Clamamos ao Senhor, Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu o nosso clamor, viu a nossa humilhação, os nossos trabalhos e a nossa angústia, e tirou-nos do Egito, com sua mão forte e seu braço estendido, com grandes milagres, sinais e prodígios. 
Introduziu-nos nesta região e deu-nos esta terra, terra onde corre leite e mel. Por isso, aqui trago agora os primeiros frutos da terra que me deste, Senhor.” Depois, colocarás isso diante do Senhor, teu Deus, e prostrar-te-ás diante do Senhor, teu Deus. 

Salmos 91 (90), 1-2.10-11.12-13.14-15
Aquele que habita sob a proteção do Altíssimo e mora à sombra do Onipotente,
pode exclamar: "SENHOR, Tu és o meu refúgio, a minha cidadela, 
o meu Deus, em quem confio!"
Por isso, nenhum mal te acontecerá, nenhuma epidemia chegará à tua tenda.
É que Ele deu ordens aos seus anjos, para que te guardem em todos os teus caminhos.
Eles hão de elevar-te na palma das mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.
Poderás caminhar sobre serpentes e víboras, calcar aos pés leões e dragões.
"Porque acreditou em mim, hei de salvá-lo; hei de defendê-lo, porque conheceu o meu nome.
Quando me invocar, hei de responder-lhe; estarei a seu lado na tribulação, para salvá-lo e enchê-lo de honras.”

Romanos 10, 8-13
Que diz a Escritura, afinal? É junto de ti que está a palavra: na tua boca e no teu coração. Esta palavra é a da fé que anunciamos. Porque, se confessares com a tua boca: «Jesus é o Senhor», e acreditares no teu coração que Deus o ressuscitou de entre os mortos, serás salvo. 
É que acreditar de coração leva a obter a justiça, e confessar com a boca leva a obter a salvação. É a Escritura que o diz: Todo o que nele acreditar não ficará frustrado. Assim, não há diferença entre judeu e grego, pois todos têm o mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam. De fato, todo o que invocar o nome do Senhor será salvo.

Evangelho segundo São Lucas 4, 1-13
Cheio do Espírito Santo, Jesus retirou-se do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde esteve durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo. Não comeu nada durante esses dias e, quando eles terminaram, sentiu fome. 
Disse-lhe o diabo: «Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se transforme em pão.» Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem.» 
Levando-o a um lugar alto, o diabo mostrou-lhe, num instante, todos os reinos do universo e disse-lhe: «Dar-te-ei todo este poderio e a sua glória, porque me foi entregue e dou-o a quem me aprouver. Se te prostrares diante de mim, tudo será teu.» Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.» 
Em seguida, conduziu-o a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: «Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, pois está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, a fim de que eles te guardem; e também: Hão de levar-te nas suas mãos, com receio de que firas o teu pé nalguma pedra.» Disse-lhe Jesus: «Não tentarás ao Senhor, teu Deus.» 
Tendo esgotado toda a espécie de tentação, o diabo retirou-se de junto dele, até um certo tempo. 

Comentário ao Evangelho do dia feito por 
Santo Ambrósio (c. 340-397), 
Bispo de Milão e Doutor da Igreja 
Comentário sobre o 
Evangelho de Lucas, IV, 7-12 ; PL 15,1614
(a partir da trad. Brésard, 2000 ans A, p. 88)
«Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto [...], onde era tentado pelo diabo»
Recordemos que o primeiro Adão foi expulso do paraíso para o deserto, para que a nossa atenção se concentre na maneira como o segundo Adão (I Cor 15, 45) regressa do deserto ao paraíso. Vede, com efeito, como a primeira condenação é desenredada, depois de ter sido enredada, como são restabelecidos os benefícios divinos sobre os vestígios dos benefícios antigos. Adão vem de uma terra virgem, Cristo vem da Virgem; aquele foi feito à imagem de Deus, Este é a imagem de Deus (Col 1, 15); aquele foi colocado acima de todos os animais irracionais, Este acima de todos os seres vivos. Por uma mulher veio a insensatez, por uma virgem a sabedoria; a morte veio de uma árvore, a vida pela cruz. Um, despido das vestes espirituais, concebeu para si uma veste de folhas de árvore; o Outro, despido da veste deste mundo, deixou de desejar uma veste material (Jo 19, 23).
Adão foi expulso do deserto, Cristo vem do deserto; porque Ele sabia onde se encontrava o condenado que queria reconduzir ao paraíso, já liberto do seu pecado. [...] Aquele que tinha perdido a rota que seguia no paraíso não era capaz de reencontrar a rota perdida no deserto, sem ter quem o guiasse. As tentações são numerosas, o esforço com vista à virtude é difícil, é fácil dar passos em falso e cair no erro. [...] Sigamos, pois, a Cristo, conforme está escrito: «É ao Senhor vosso Deus que deveis temer e seguir» (Dt 13, 5). [...] Sigamos, pois, os Seus passos, e poderemos passar do deserto ao paraíso.

Fontes:
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&localdate=20100221&id=91&fd=1
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=readings&localdate=20100221
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=commentary&localdate=20100221

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